APELOS NORTUNO

O Sol que declina

Por traz da colina

Qual perola fina

Mudando de cor.

Seus raios que tingem

Os lábios da virgem

Sentindo vertigem

Falando de amor.

Seus raios ondulantes

Etéreo, constante

Deixando corante

De rastro no céu.

Enquanto se ver

No entardecer

Sentindo prazer

Rasgando este véu

À noite caindo

Estrelas surgindo

O céu colorindo

A água do mar.

A vaga alisando

Suave beijando

Em tudo deixando

Vontade de amar.

A cada queixume

Exala perfume

Causando ciúme

Suspiros de amores;

Enquanto se esquiva

Se sente cativa

Sem jeito se priva

Em gritos de dores.

E nesse momento

O meu pensamento

Vagueia no vento

Do meu coração.

Procura obter

Em tudo que ver,

E parte sem ter

Uma explicação.

Sem canto sem lira

A lua se mira

E ver quem suspira

Num banco de praça.

Quem busca obter

Em tudo prazer

Um dia se ver

Sorrindo sem graça.

A cada gracejo

Estalo de um beijo

Matando o desejo

De quem nada fala.

O tempo escurece

O dia fenece

A noite se esquece

A lua se cala.

Em cada recanto

Sorvendo seu pranto

Sem lira, sem canto.

Procura esquecer,

A lua calada

Sem brilho, parada.

Parece chocada

Com tanto sofrer.

Além sobre a baia

Na beira da praia

Espera que saia

O sol outra vês.

Curtir novas dores

Falar dos amores

Antigos favores

Dos risos, talvez.

A rua germina

E nessa oficina

Saber quem domina

Assim tua mente.

Sorrindo te chama

te leva pra cama

Quem diz que te ama

Te torna impotente.

E nessa floresta

Ouve-se a festa

Saindo da fresta

Um beijo ofuscado,

Em pleno alarido

Se ouve o gemido

De alguém escondido

Sofrendo calado

Além no infinito

Sufocas teu grito

Caminhas aflito

Em densa montanha.

A cada ebarro

Te prende no sarro

Enquanto um escarro

Enfim te acompanha.

A noite é assim

Um eco sem fim

Alguém que diz sim

Depois se esquece.

O cantinho escuro

Sem jeito, inseguro.

Um beijo obscuro

Alguém que padece

A vida se aplica

Na voz que replica

E se multiplica

Em outros prazeres.

A noite esfria

O tempo vigia

A vida de orgia

Aumenta os seres.

A cada momento

Um vago lamento

Perdido ao vento

Fumaça se esvai.

Sem queixas, sem luta.

Na dor que oculta

Nessa força bruta

Um corpo que cai.

É triste se ver

Pior é saber

Que tanto sofrer

Por nós, é causado.

Em noite de orgia

Na hipocrisia

De pessoa fria

Que olham calado.

Prazeres que vem

Delírios que tem

Palavras de alguém

Querendo esquecer.

O beijo na chama

O ranger da cama

A voz que reclama

Querendo nascer.

E nesse deserto

De cal, e concreto.

Calor, céu aberto.

De dor e malícias.

No braço de amantes

Delicias maçantes

Apelos constantes

Em doces carícias.

Em cada recanto

Prelúdio de um pranto

Perdido num canto

Praguejo martírios

Um fala das dores

Aromas de flores

Antigos amores

Vividos delírios.

E nessa espera

Gentil primavera

Em vida quisera

Puder desfrutar.

Um novo afago

Sorver cada trago

De gosto amargo

Sem nada falar.

E nos edifícios

Em doces delírios

Manter-se o oficio

De multiplicar.

E nessa oficina

O ser predomina

Enquanto germina

Não pensa em parar

Procuras perigo?

Não ter, é castigo?

Dirás não consigo

Pará não convém!

Estás iludido!

Parado, vencido,

Na vida perdido

Não ouves ninguém.

E nesses apelos

Cruéis pesadelos

Procures não ter-los

Pois nada constrói.

Se buscas obter

Em tudo prazer

Precisas saber

A vida destrói.

Se foges da vida

Das flores nascida

Talvez esquecidas

Em lindo arrebol.

Tão lindas estivas.

Vivendo lasciva

Erguendo-se altiva

Nos raios de sol.

Edilson Alves
Enviado por Edilson Alves em 06/02/2011
Reeditado em 18/05/2014
Código do texto: T2775061
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.