O HOMEM DO CORAÇÃO DURO

O HOMEM DO CORAÇÃO DURO.

Honorato Ribeiro dos Santos.

O que vou narra pra todos

Do Brasil grande nação,

Desde seu descobrimento,

Há gente sem coração:

Pelo ouro e pela terra

Fazia injustiça e guerra,

E aos negros a escravidão.

Os índios, donos da terra,

Fizeram escravos seus,

Forçavam trabalho duro

Os homens, os europeus;

Jesuítas defenderam,

Como cristão receberam

Como irmãos filhos de Deus.

O poeta Castro Alves

Condenava a escravidão,

Com versos gritou o vate

Que tivessem compaixão:

“Colombo, fechai os mares!

Céus e terra e até os ares”

Pois todos são nosso irmão.

Foi crescendo as injustiças

Do mercado desumano,

Negros vendidos na feira

Entregues pros lusitanos;

Para trabalho forçado

Ainda até chicoteados

Os pobres negros africanos.

Até que um dia escutou

Voz da princesa Isabel

Assinou, então, a Lei Áurea

Libertou negro fiel.

E assim fechou os mares,

Do negócio mais cruel.

Negro, então, foi transformado

No pobre trabalhador,

Que trabalha dia e noite

Não compra nem cobertor;

O dinheiro é uma mixaria,

Não tem nenhuma valia,

No bolso do comprador.

O patrão fica mais rico

E o empregado mais pobre;

Tostão não esquenta no bolso;

O empregado quanto sofre!

O rico dinheiro em banco

Quantos milhões e tantos

E em sua casa no cofre.

Todos sabem que esse lucro

Foram as mãos dos operários

Que fez máquina mover

Pra ganhar pouco salário.

A casa do seu patrão

Há riqueza até no chão,

Até mesmo no armário.

Casa de pobre é de zinco

É um pobre barracão,

É de tábua, é de palha,

Até faz de papelão!

É nosso irmão sofredor

Que grita tanto de dor

E ninguém lhe dá a mão.

Quem tem sua casa de palha

Inda dá graças a Deus,

Pois quem vive de aluguel

Divide no prato seu.

Preço sobe todo o mês,

Os salários não dão vez

O jeito é imitar judeu.

Só quem sofre a tal infração

É pobre trabalhador;

O rico, pelo contrário,

Tudo aumenta o seu valor.

Homem quer governar

E ao capitalismo amar

Compra logo seu trator.

.

Estradas, prédios e ruas,

Lavouras, fabricação,

Tudo o que tem nesse mundo

Dos operários são as mãos:

Comem, bebem e se veste,

Todo canto, desde Leste

Se veem lidas construções.

Tudo é lindo para o mundo!

E pros pobres não tem vez

É a sociedade louca

Do homem rico burguês;

Eles chamam Deus de Pai,

Só de sua boca sai

Com hipocrisia, talvez...

Talvez, porque Deus é Pai

E todos somos irmãos,

Assim pregou Jesus Cristo

Que nos ensinou o perdão;

Todos têm que aceitar,

Quem gostar, quem não gostar,

Pois, todos somos de Adão.

As terras que Deus deixou

Pra lavrar e trabalhar

E com o suor do teu rosto

Puder assim sustentar;

Os ricos com maioria

Das terras sem iguaria

Inda do pobre vai grilar.

O homem de coração

De pedra o mundo está cheio,

Na justiça e na política

O negócio está feio!...

Razão, quem tiver dinheiro,

Pois manda no mundo inteiro

E não tem quem dá mais freio.

Quando o rico dá esmola,

Não dá do dinheiro seu,

Pois tudo que tem é sobra

Do supérfluo que rendeu:

O supérfluo é do irmão,

Se não der é um ladrão;

Esmola, ele nunca deu.

Pra ser esmola é preciso

Dar como a viúva deu,

Como Jesus afirmou,

Naquele Templo judeu:

“A viúva depositou

Tudo o que tinha ofertou.”

A dos ricos não valeu.

Na época dos apóstolos,

Os ricos que eram cristãos

Vendiam tudo o que tinham

E davam tudo aos irmãos.

O pão era dividido

E tudo era consumido

Até a fração do pão.

Toda a Igreja reunida

Louvava a Deus co`alegria;

Todos com mesma igualdade;

Tudo com muita harmonia.

Depois que o capitalismo,

Entrou no cristianismo

Virou tudo loteria.

A nossa sociedade

Inda vive o feudalismo:

Os nobres, médios e plebe

Vivendo indiferentismo;

As classes são divididas,

A união não é vivida

Nem entre o catolicismo.

Quem pode ajudar não ajuda

Na espera da Nação

Dos governos que dirigem

Que têm o poder nas mãos.

Se ouvissem os evangelhos

Cuidariam dos pobres velhos,

Crianças a educação.

Mas seu coração de pedra

Não dá nada pra ninguém.

É o rico tão avarento

Que faz o seu desdém.

“A ferrugem com a traça

Vão corroer em massa”

Riqueza d`alma não tem.

“Voz que clama no deserto”!

Foi a voz de São João.

A igreja exorta o mundo

Sem nenhuma exceção.

O rico fecha os ouvidos,

Bancando o grande sabido,

Mas com Deus não brinca, não.

O ouro agora é o petróleo

Que domina o mundo inteiro,

Que também polui o ar,

E também o seu dinheiro;

Com o dinheiro faz a guerra,

No Iraque e em toda terra

Não dá conta o coveiro.

Aqui em nosso sertão

Para o pobre trabalhar

A carteira não assinam

Com medo de indenizar;

Quando existe um acidente,

O patrão está presente

Pobre tem que se virar.

Gado é muito bem tratado

Tem remédio e tem vacina,

A família do vaqueiro

Não tem nada, só é sina...

De viver como um escravo

Dando duro como um bravo

Ao patrão que é sovina.

Todos precisam dos pobres,

Pois nenhum é preguiçoso

Topa tudo que encontrar

Sem que seja vaidoso.

Preguiçoso é ladrão

De ninguém tem compaixão

Assalta e mata com gozo.

Tem muita gente que pensa

Ser miserável é quem quer.

Pobre é um servidor

De quem precisa, qualquer;

Cada um com o dom que tem,

De Deus que lhe deu, porém,

O trabalho que vier.

Homem de coração duro

Está surdo, cego está;

Não dá a mão a preto e pobre,

Seu orgulho é de amargar.

Mas no tempo da política,

Abraça e não faz sua crítica,

Com o pobre quer falar.

Pra subir bem nas alturas

Ao povo quer conquistar,

Quando ganha se esqueceu

Faz questão de não lembrar.

É assim com o eleitor,

Prefeito e governador

A ninguém quer abraçar.

“Mais alto é o coqueiro;

Maior é o tombo do coco

Afinal todo mundo é igual,

Quando o tombo”, (assim é louco)

“Termina, põe terra em cima

Da horizontal” da tal sina,

Se escapa muito pouco.

A Igreja vem se mostrando

Como mãe que vem chorar;

Pedindo que ajude aos pobres

Não deixe penalizar:

Crianças abandonadas

Dormindo pelas calçadas

Sem ninguém erradicar.

É o Cristo tão sofredor

Ninguém quer reconhecer;

A porta é sempre fechada

E a criança quer nascer.

O aborto é criminoso,

No Congresso é duvidoso,

É difícil o parecer.

Será que vai transformar

Num mundo novo melhor?

Ou será que a poluição

Vai pro mundo bem pior?

Só se fala em economia,

A Terra está em agonia

O dinheiro é o maior.

Quem quiser o meu tesouro

Vende tudo o que tiver.

Disse ao rico Jesus Cristo,

Que ficou triste sem fé;

É difícil ir ao céu

O avarento que é réu,

Vai vivendo como quer.

São adoradores do ídolo

É o bezerro de ouro,

O Deus dele é o dinheiro

Esse é seu grande tesouro.

Vai morrer não levará

Que deixar vai se acabar;

E o futuro vindouro?

Se não conscientizar

Não salvará esse mundo

A poluição é desastrosa

É um abismo profundo.

A “besta fera” é o homem

Que virou um lobisomem

Talvez fosse um vagabundo.

O Brasil se organizou

Dando ao velho aposentado

Um salário ao lavrador

Foi um salário minguado!

Depois veio o reajuste

Com presidente ilustre

Deu à morte seu cajado.

Mas há pobre em todo canto

Desse Brasil glorioso!

De terra boa e clima bom

É o Gigante bem famoso!

Mas há muito desemprego

O pobre vive em degredo

Mas falta o prato gostoso.

O prato que estou falando

Da má distribuição

O bolo quando é partido

Cai no bolso do patrão

Do político enganoso

De gravata no pescoço

Ta cheio nossa Nação.

Povo não vê nem o cheiro

Da bolada da partilha

Fica de água na boca

Cercado como uma ilha..

Água pra todos os lados

Morre de sede o coitado!

Com toda sua família.

Vou terminar meu cordel

E peço muita atenção.

Se não houver fixa limpa

No Brasil, nessa Nação,

Os corruptos riem da honra

E ninguém vai ver a sonda

Do pobre com sua aflição.

Na Itália, “os mãos limpas”

Salvaram a sua Nação.

Será que aqui não vai ter

Uma boa solução?

Esperamos que o Congresso

Vote a emenda de sucesso

Com os olhos e o coração.

hagaribeiro. 25-03-11.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 25/03/2011
Código do texto: T2870194