TERRA SECA

Terra Seca.

Guel Brasil

Eu nunca me esqueço era mês de Janeiro,

Estava um sequeiro pras bandas de lá;

E por todo canto que a gente olhasse,

Só via tristeza em todo lugar;

A aguada distante, duas ou três léguas,

O dia inteirinho pra água buscar;

Saia bem cedo com o cantar do galo,

E só à tardinha tornava voltar.

Meu velho jumento com quatro corotes

Puxava no trote pra não demorar;

Deixava Mainha e painho esperando,

Na sombra frondosa de um jatobá;

Um criame de cabras num velho chiqueiro,

Três vacas, e um garrote, dão pena se olhar;

Coitados estão no coro e no osso,

Com fome, e com sede, não vão agüentar.

O sol era tanto que a terra tremia,

Agente só ouvia cigarras cantar;

A terra rachava por falta de chuva,

E o povo pedindo pra Deus ajudar;

Um bando de andante na beira da estrada,

No rumo do sul, ou de outro lugar;

Ia se despedindo de quem lá ficava

Dizendo se chover, “nós volta pra cá”.

No meio daquele deserto danado,

Via-se salteado ali e acolá;

Um velho Umbuzeiro que a seca resiste,

Dando sombra e fruto, sem reclamar;

Lá mais adiante, um mandacaru,

Parecendo um fantasma visto de cá;

De braços abertos, com espinhos sem sombras,

Maná no deserto pra sede matar.

Eu sou brasileiro, nasci no nordeste,

Sou cabra da peste não posso negar;

Eu tenho orgulho de ser nordestino

E com a ajuda de Deus eu vou agüentar;

Resistindo a seca, a fome e a miséria,

E muitas promessas das coisas mudar;

Aqui fui nascido, aqui me criei,

Aqui eu pretendo meus dias findar.

guelbrasil@gmail.com

Guel Brasil
Enviado por Guel Brasil em 04/04/2011
Código do texto: T2889181
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