Casamento Sertanejo (Cena 1)

Abrem-se as cortinas, aparece a visinha, ela dança e rodopia, o visinho aparece em seguida e dança com ela até que a música para e eles se revesam na frente do aplco, ora um, ora outr,a medida que vão recitando suas falas.

Seus rostos, assim como os de todos os personagens são pintados como palhaços.

Os únicos elementos de cena são as duas janelas nas estremidades do palco por onde a visinha e o visinho devem interagir.

Vizinha:

E vem chegando a dita hora

pro malandro o tormento

pra mocinha da estória

o seu sonhado momento

pois no sertãoquem namora

descuidado e desatento

o pai bravo vai à forra

e te força o casamento

Visinho

pode parecer maldade

forçar um cabra a casar

ainda mais na idade

quando só quer namorar

mas se a filha do dito

que é moça inocente

embuchar do mardito

que pai fica contente?

vizinha:

Por isso é que digo

um antigo ditado

se sua filha é bonita

prenda ela de cadeado

tá cheio de malandro

doido pra tirar sarro.

Visinho:

Como o tal do mnatuto

que se diz o beijador

com a filha do açougueiro

que tem nome de flor

Rosinha inocente

do doração intocado

caiu na mão indecente

do malandro danado

Visinho

Mas vamos à estória

que é pra não cansar vocês

Visinha

como condiz começa com um era uma vez...

Recomeça a música os dois vão para suas janelas, a da visinha sempre aberto, o visinho atrás da cortina não aparece ainda em cena.

O matuto entra em cena preocupado. Tioca uma música de pífano e a medida em que ele fala a música abaixa o volume para que ele possa ser ouvido.

Matuto

Ai meu Deus chegou a hora

e agora não tem mais jeito

No meio de tanta estória

tanta moça de respeito

filha de conde, marquês,

coronel, doutor e prefeito

foi ser logo a Rosinha

a filha do açouueiro

que quando saiu da linha

embuchou não tem mais jeito

Fosse outra menina

não saia tão errado

Fosse Ana, Cacília,

Rita ou Maria do Carmo,

uma mulher mais vivida,

flor mais fina do cerrado

mandacaru da caatinga

não teria pai tão bravo.

Vizinha

Mas veja se não é

o camarada falastrão

Que se dizia aos quatro ventos

o beijador do sertão

Eu sabia que uma hora

ia cair o rojão

de tanto brincar com fogo

acabou quimando a mão

MAtuto

Me queimei dona vizinha

não foi por falta de aviso

tanta gente me avisando

querendo me dar juizo

eu sabia que uma hora

ia ficar no prejuízo

de tanto brincar com fogo

o porco virou chouriço

Vizinha

Daqui do alto eu vejo

quem vem chegando de lá

Matuto

Quem a senhora vê agora

Do alto do pedestá?

Visinha

A rosinha e o pai dela

vem rumando pra esse lado

ele arrastando a bela

vem tambem o delegado

o açougueiro vem de faca

tirar o couro do malvado

Acompanha o sentinela

êta o circo tá armado

MAtuto

Vixi nossa senhora

mãe de Deus de Nazaré

Só tem uma solução

Eu vou mesmo é dar no pé

Visinha

Fica cabra seja homem

MAtuto

Se eu fico ele me xunxa

Visinha

Pelo menos argumente

conversando tudo se ajusta

MAtuto

Vixi maria, pai do céu

nossa senhora do rosário

eu aqui não fico não

já se deu o meu horário

se eu fico ele me pega

e me paga o meu salário

arranca meu coro todo

vai fazer o meu calvário

quem paga pra ver vê demais

não me meto com pai Toca música de pífano.

Fim da cena 1

Fernando Airan
Enviado por Fernando Airan em 16/04/2011
Reeditado em 05/05/2011
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