Patativa do Assaré, a Chegada Dele no Céu

(Trechos do Cordel)

Autor: Zé Saldanha

Uma noite deitei-me cedo

Atacou-me uma insônia;

Um enorme pesadelo,

Numa ilusão tamanha,

Sonhei que estava no céu

Num festival de troféu

Da poesia risonha!

Vi muita gente chegando,

Todos que chegavam entrava

Para o centro do salão

Aonde a festa brindava!

Lá num ponto destacado

Estava o homenageado

Que todo mundo lhe olhava!

Eu olhei pra vê se conhecia

O homenageado quem é,

Era um zarolho de um olho

E meio troncho de um pé,

Na mais bonita quimera,

Quando vi, conheci quem era:

-Patativa do Assaré!

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São Pedro vinha correndo

Para assistir a chegada,

Passou por todo salão

Avisando a santarada,

Quem está no portão em pé

É Patativa do Assaré,

Abram o portão da entrada!

A noticia espalhou-se

No céu por todo salão;

A santarada correndo

Pra irem apertar a mão,

Abraçarem com fé

Patativa do Assaré,

O porta voz do sertão...

Patativa entrevistado

Pelo autor do universo;

O céu todo em reboliço

Com boletim e ingresso,

Representantes do céu

Receberam como troféu

O Patativa do verso!

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Patativa satisfeito

Dentro da sala sagrada;

Cercado por muita gente

No salão da santarada,

No reino da redenção

O poeta do sertão

E sua rima improvisada.

Veio Antonio Gonçalves Dias

E um batalhão de atleta;

Para assistirem as rimas

Do Patativa poeta,

Chegou poeta de magote

Todos lhe entregando mote

Da poesia dileta!

De repente ouviu-se o tom

De uma viola no salão;

Era o poeta Zé da Luz

E o poeta Cancão,

Foram chegando de vez:

-Pinto Velho e Milanez

Serrador e Azulão!.

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Se apresentou no céu

Uma turma de primeira:

Chegou Manoel Macedo

E Severino Ferreira,

Antonio Benedito e Dedinho

E José Alves Sobrinho,

Juvenal e Zé Pereira!

Era grande a emoção

Dos poetas cantadores;

Abraçando Patativa

Os nobres improvisadores,

Da cultura popular

Todos foram improvisar

Para os admiradores!

Depois ouviram um gemido

De uma sanfona no ar;

Era o Rei do Baião

Que vinha se apresentar,

Naquela festa querida

Cantando triste a partida,

Para o céu todo escutar.

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Patativa falou para Luiz:

-Não se apresse pra voltar;

Que todos santos do céu

Estão aqui pra lhe escutar

Seu bonito pergaminho,

Eu trouxe até um versinho

Para você musicar!

Gonzaga recebeu logo

O verso como um troféu;

Solfejando em tom maior

E juntando gente no céu,

Abriram as portas de fora

Entre todo mundo agora

Hoje aqui não tem enleio.

Houve um alô no céu

Como uma forma de aviso;

Para todos escutarem

Com calma, o lindo improviso!

Gonzaga fez o CD,

Lançou para o povo vê

Nas fontes do paraíso!

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Em seguida foi chegando

Mais artista para entrar;

Para abraçar Patativa

E também se apresentar,

Chegou Jackson do Pandeiro

Ele e outro companheiro,

No pandeiro e no ganzar..

Depois chegou João do Vale

E o poeta Mergulhão,

Aderaudo Cearense

E Catulio da Paixão,

E o Lourival Batista

Com o seu grupo de artista

Entraram para o salão...

Até o Maluco Beleza

Raul Seixas também veio,

Com sua velha guitarra

Foi chegando sem receio,

Patativa avistou Zé Nilto

E falou pra Rauzito:

-Se aproxime cabra feio!

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Calmamente se abraçaram

Depois dessa brincadeira;

Raul disse: - Professor

Tenho idéia de primeira:

-Vamos procurar Emilio

Pra gente formar um trio

Com Zé Nilton e Mangabeira...

O Walter José ouvindo

Exatamente aprovou;

Dizendo: - Vamos parar!

Para se marcar o show,

Eu Zé Nilton e Você

Misturar pros santo vê:

Cordel, samba, rock e dolou.

Combinaram e formaram

Essa grande parceria;

Dentro da mansão sagrada

De paz, amor e harmonia,

Salão bendito e divino!

Patativa e Barduino,

Rimas, verso e poesia!

(...)

(Continua...)