TRANCAS

Trancas.

São tantas Trancas que existem

Por este País a fora,

Almas viventes trancadas

Sem meios de ir embora,

São processos que se arrastam

E isso não é de agora.

Onde cabem cinco tem trinta

Igual bichos enjaulados,

Dorme um encima do outro

Se não, ficam acordados,

E morrem se perguntando

Quantos ali são culpados.

Como cabeça vazia

É oficina do satanás,

De lá de dentro eles mandam

Matam, roubam e tudo mais,

Pena de morte pra eles

É coisa que satisfaz.

Tem gente grande na fila

Aonde o pequeno cai,

A polícia está no meio

Que é de onde o lucro sai,

Quem fica de fora morre

Quem é honesto não vai.

Nessa peleja seu moço

Tem até advogado,

Que ostenta luxo e riqueza

Na defesa do culpado,

Quem tem dinheiro se livra

Quem não tem fica trancado.

Mais as coisas vem mudando

De uns certos tempos pra cá,

Tem até rico nas trancas

Lutando pra se safar,

Antes que o cão pisque os olhos

Seu juiz manda soltar.

A droga hoje corre solta

Nas barbas de quem vigia,

E como a Justiça é cega

Ladrão rouba à luz do dia,

E já tem até ladrão

Roubando em delegacia.

Ao invés do ladrão ser prezo

Vai o honesto em seu lugar,

Acaba por não sabermos

De que lado a lei está,

Um pingo no i é letra

Basta um juiz assinar.

E o absurdo é tamanho

Que o pobre do cidadão,

Não tendo a quem recorrer

Dentro da justa razão,

É prezo na mesma hora

Se agredir um ladrão.

Até a legítima defesa

Precisa ser comprovada,

E se o coitado for pobre

A pena é agravada,

E o tal doutor que defende

Nessa hora não vale nada.

Guel Brasil
Enviado por Guel Brasil em 29/04/2011
Código do texto: T2938756
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