O preço da vaidade * Autor: Damião Metamorfose.

*

No tempo em que Jesus Cristo

Esteve entre a humanidade.

Ele fez cura e milagres

E ensinou a verdade...

Pregou a paz e o perdão,

O amor e a compaixão,

Mansidão e humildade...

*

Quando voltou a cidade

Que o viu ainda um rebento.

Foi aclamado por todos

Que vieram pro evento.

E Ele no auge da “fama”

Não se exalta e nem reclama

De se locar num jumento!

*

Jerusalém no momento,

Parou para ver passar.

O seu filho mais ilustre,

Mais puro e mais exemplar.

Que veio como um cordeiro

Sabendo que um traiçoeiro

Ali ia lhe entregar!

*

Mas não pretendo falar

Sobre o Jesus de Belém.

O meu alvo é o jumento,

Que sofreu muito também.

Só porque não entendeu

A Hosana que o povo deu

Pra Cristo em Jerusalém.

*

O jegue não fez desdém,

Mas sentiu-se orgulhoso

Com a multidão gritando:

Salve Hosana, oh glorioso!...

Pensando ser o exaltado

Seu ego ficou inflado

E ele se sentiu famoso!

*

E ficou tão vaidoso

Que mudou completamente.

Passou a se isolar

De jegue amigo ou parente.

Olhar pro mundo com asco,

Andar na ponta do casco

E a relinchar prepotente.

*

E o jegue dali pra frente

Vivia se achando o tal!

Contando o que aconteceu

No passeio triunfal.

E que na próxima festa ia

Sozinho e adentraria

Pelo portão principal.

*

Na próxima festa pascal,

O jumento convencido.

Dizia: eu vou voltar

Pra ser de novo aplaudido.

E aquele meu primo irmão

Que falou à Balaão,

Vai ver quanto eu sou querido!

*

Chamou cada conhecido,

Para ver a sua entrada.

E o desfile pelas ruas

Da Jerusalém Sagrada.

Uns pediram pra não ir,

Mas jegue não quis ouvir,

Jegue não via mais nada.

*

Próximo das datas sagrada

Como eram costumeiros.

Começava a chegar gente

Dos países estrangeiros.

Cavalos e carruagens...

Todos pedindo passagens

Poucos eram hospitaleiros.

*

O comercio de hoteleiros,

Nesta época faturavam.

Reis e rainhas e nobres

Da corte, ali não faltavam.

Castelos, pensões, pousadas,

Lotavam, e, pelas calçadas,

As massas se aglomeravam.

*

Beco e ruas fervilhavam,

Parecia uma procissão.

E o jegue olhando de longe

Toda aquela multidão.

Ficou a imaginar

Todos, a lhe aclamar,

Jogando as “vestes” no chão.

*

Doce e infeliz ilusão

Do vaidoso animal.

Que saiu desembestado

Correndo no matagal.

Enquanto os outros olhando...

E os mais velhos resmungando,

Jegue hoje vai se dá mal!

*

Já no portão principal,

Jegue encontra a multidão.

Quase se acotovelando

Para adentrar ao portão.

E ele ainda convencido

Que ia ser reconhecido,

Tenta uma aproximação.

*

Levou logo um empurrão

De um senhor mal educado.

Em seguida uma mucica,

De outro que ia apressado.

Ao tentar se esquivar,

Pisou foi no calcanhar

Do cavalo de um soldado!

*

O tempo ficou nublado

E em seguida escureceu.

Com o coice que o cavalo

No pobre do jegue, deu.

O casco veio de jeito

Pegou no olho direito

Que a garapa desceu!

*

Em seguida um fariseu

Pisou no pau de sua venta.

Um judeu comete o bulling

Ao lhe chamar de jumenta.

E um camelo que passava

Quase que o esfolava

Com a patada violenta.

*

Pra quem queria água benta,

Vestes jogadas no chão,

Rosas, flores, ramalhetes...

E os gritos da multidão.

Ganhou foi coice nos peitos,

Rejeição de todos os jeitos,

Pontapé e empurrão.

*

Quem almeja ser patrão,

Sendo só um empregado.

Primeiro tem que crescer

E atingir o almejado.

E o jegue não entendeu,

Que as vivas! O povo deu...

Foi pra quem ia montado.

*

A vaidade tem tirado,

Não somente a visão

Dos olhos, mas a da alma,

Da mente e do coração...

Quem está envaidecido,

Não vê o acontecido

Real, vê só a ilusão.

*

Patrão é sempre patrão,

Empregado é empregado.

Jegue não viu que as vestes

E o que ao chão foi jogado.

E os gritos de louvor

Eram pra aquele Senhor

Simples, que ia montado.

*

Se ele tivesse notado,

Que tinha sido o escolhido

Por um dia, pra levar

Jesus Cristo, O prometido.

De volta a sua cidade,

Teria mais humildade

E não teria sofrido!

*

Mas por ter se envaidecido,

Cometeu a insanidade

De entrar pelo portão

Principal de uma cidade.

Pobre animal sonhador,

Quis ser mais que o seu senhor

E faltou com a humildade!

*

O preço da vaidade,

Nem todos podem pagar.

Humildes são exaltados...

É um ditado milenar.

Proferido por Jesus,

Que foi humilde pra cruz

Sem sequer nem reclamar!

*

E aquele que se exaltar...

No fim será humilhado.

O humilde sempre acaba

Sendo um bem aventurado.

Jegue cegou com a fama,

Caiu de cara na lama

E assim pagou seu pecado!

*

Até hoje ele é marcado

Com uma cruz no lombar.

Uns dizem que foi Jesus

Que marcou para agradar.

Mas parece que essa cruz

Não tem nada com Jesus

Foi de tanto ele apanhar!

*

Se alguém quiser se espelhar

Na historia do jumento.

Vai ver que a humildade,

Facilita em cem por cento.

E que a vaidade cega

A tal ponto que renega,

O ventre que o fez rebento.

*

Pra quem tem comportamento

De astro e é vaidoso.

Que se acha a última bolacha

Ou que tem cocô cheiroso.

Cuidado! Muito cuidado!

Pois ninguém é preparado,

Pra deixar de ser famoso.

*

E o final é doloroso,

Pra quem tem muita vaidade.

Só que esse é o grande mal

Que atinge a humanidade.

Quem pratica o narcisismo

Se afunda no egoísmo

E perde toda humildade.

*

Vejo na atualidade,

Muito rostinho bonito.

Que aparece do nada

E já vem se achando um mito.

Porém quando cai da escada,

Vira estrela abandonada,

Asteróide no infinito...

*

Ser humilde, eu acredito,

É sempre a melhor saída.

Com humildade eu consigo

Abrir as portas da vida.

Com a vaidade não!

Ela me leva a ilusão

E o pior vem em seguida...

*

D-epois da surra sofrida

A-bandonou a cidade.

M-as aprendeu com a lição

I-nfeliz da hostilidade.

A-gora até jegue sabe

O preço da vaidade!

*

Fim.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 13/05/2011
Código do texto: T2968256
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