Zé Ninguém!

Sentado aqui estou, esperando o tempo passar

Em frente da escrivaninha, querendo algo criar

Pensando no amanhã, de como posso melhorar

A vida dos quem me cerca o sofrimento amenizar.

Mas logo tenho uma idéia, a de voltar a estudar

Sei que não vai ser muito fácil, pro futuro melhorar

A esperança é o meu mourão, a cumeeira da minha fé.

Pois o abrigo ta garantido, pra depois repartir o pão

A vida é dura pra quem é mole, já dizia tal doutor

Quem não quer ser Zé ninguém, não para de estudar.

Se assim ele o fizer e tomar a decisão

De não querer mais estudar, coitado desse pião

A enxada em suas mão com certeza vai ter

mas nem sempre garante o pão.

Chega à festa de são João, quem trabalhou ganhou seu pão

Comprou calça e camisa nova, já pode dançar baião.

No forró vai ter de tudo, sanfona, zabumba e mutidão

canjica, amendoim e milho verde, moça bonita no salão

pode até arranjar donzela, pra dançar arrasta pé

pagar na mão até que pode, mas não passe disso não.

Quem sabe daí não sai um compromisso, uma paixão.

Que pra seguir a tradição,

tem que falar com o pai da moça

e pedir a sua mão.

Com certeza o pai pergunta!

Qual o futuro que vai dar pra minha filha?

Tu já tens caligrafia? Ou algo pra trabalhar?

Muito bem aqui estou, pra falar com o Senhor

Já to quase me formando, Logo, logo sou doutor.

Garanto que sua filha vai viver como princesa.

Nessa terra de meu Deus, vou seguindo a natureza

Casa e carinho não vai faltar, pra criar os seus netinhos

pro mode a casa alegrar.

Se assim me permitir, casarei com sua filha

Pois nesse mundo só não tem o que fazer

Aquele que não quis estudar

Pois não pode se casar com a filha do senhor

Quem não sabe escrever muito menos não ser doutor.

Por isso que dou conselhos

Meus amigos, meus irmãos

Quem quer ter um bom futuro

Não deixa os estudos não.

Escrito em 20 de maio de 2011, por Orlando Oliveira.