OS ÂNGULOS DA MINHA INFÂNCIA

01 Nas minhas contagens tantas

Dos anos que já vivi

Já passaram dos sessenta

Em que estou por aqui

As lembranças me pinicam

É casca de abacaxi!

02 Meu pensamento assim vôa

Aos meus cinco de idade

Morava numa fazenda

Bem longe da tal cidade

Minha vida era andar

Em torno da localidade!

03 Com aquilo eu conheci

De norte ao sul do lugar

Também do leste a oeste

Pude os meus passos dar

Em volta de minha casa

Cinco milhas a distar!

04 Das lembranças que eu tenho

Dali, pra banda do leste

É de uma mata virgem

Belíssima em seu agreste

Eu ficava impressionado

Pelo ser verde silvestre!

05 Entre o leste e o sul

Havia uma campina

Onde o gado pastava

Pra ter a sua rumina

Além da boiada eu via

Cavalos com grande clina!

06 Daquele ponto ao oeste

Não tenho lembrança boa

Pois não sei se era a sorte

Ou era outra coisa atoa

Mas quando eu ia pra lá

Eu sofria alguma amoa!

07 Do oeste eu descrevo

O ângulo para o norte

Sempre distante da casa

Onde eu fazia o suporte

Minha mãe me procurava

Mas não dava muito importe!

08 Naquele ângulo porém

Eu tinha que ser esperto

Tinha cerrado e valas

E muitos trechos desertos

Mas dentro das cinco milhas

Eu fazia tudo certo!

09 Do norte indo pro leste

Em que aqui já assentei

Era onde havia estradas

Nas quais eu muito passei

Pois ligava *Itirapuã

Com a fazenda onde morei!

10 Descrevi, pois nessas rimas

O quadrante do lugar

Onde passei minha infância

Com os meus pais a morar

Hoje me veio a vontade

Daqueles ângulos falar!

*Itirapuã: pequena cidade ao norte do estado de são Paulo