Bola da vez.

Autor: Daniel Fiúza.

27/11/2006

Eu sou a bola da vez

A ponta da baioneta

o gorgulho do feijão

ponto final da caneta

eu tô na marca da cal

nem tomando sorrisal

vai acabar minha careta.

Sou o rabo do cometa

o friozinho na espinha

sou o saco de pancada

a casca da batatinha

sou o leite derramado

o olhar desapontado

mão de areia na farinha.

Da tábua sou a lasquinha

também casca de banana

a falta dum agasalho

eu sou o bafo da cana

um perigo eminente

Sou a própria boca quente

e a vergonha franciscana.

Triste descrença que emana

zero a esquerda aparente

na confusa identidade

sou abestado e demente

sou o saldo devedor

o prego desse penhor

da guerra o sobrevivente.

Um cético muito descrente

grito solto no deserto

o reles papo furado

o fim do caminho aberto

o carro na contramão

manteiga virada ao chão

sou o errado do certo.

Somente dragões, desperto

do sonho sou à utopia

sou o medo tenebroso

água fora da bacia

pão que o diabo amassou

o olhar cheio de horror

o medo do novo dia.

Sou ferida que ardia

estou no bico do corvo

me perco na tempestade

tô me acusando de novo

sentindo amargo na boca

vivo dormindo de touca

na vida me sinto estorvo.

Domfiuza
Enviado por Domfiuza em 27/11/2006
Código do texto: T303284