SE PUDESSE, FARIA CHOVER NO SERTÃO

Não falo com deboche

Tampouco de ironia

A chuva neste Estado

Desabando em demasia

Será por obra divina

Ou causa da geografia

Enquanto os nordestinos

Residentes no sertão

Comendo pão amargo

Amassado pelo cão

Sem verem a cor d’água

Naquele eterno verão

Se pudesse, sopraria

Nuvens pra aquele lugar

E num toque salvador

O chão poder molhar

Pondo fim ao sofrimento

E com a seca acabar

Amarraria a estiagem

E prendia no calabouço

Ficando submergida

De água até o pescoço

Mesmo que preciso fosse

Colocar a mão no bolso

Faria jorrar tanta água

Sem deixar tudo alagado

Suficiente pra molhar

A garganta do seu gado

Aliviar da sua costa

O sufoco deste fardo

Estou fazendo economia

Pra encher seu ribeirão

E verás prosperidade

Fartura em seu torrão

Ficará recuperado

O verde da plantação

Pai Supremo me ajude

Com águas celestiais

Permita que aquele povo

Não se enferma, nunca mais

Transformando a secura

Em eternos mananciais

Quem é rico tem banheira

Água quente na piscina

Usa pra lavar o quintal

Usa pra lavar a esquina

Enquanto pro sertanejo

Falta água até na tina

Um dia talvez meu sonho

Vire uma realização

Como também desejou

O querido Rei do baião

Que ficou entristecido

Com a morte do alazão

Quando abrir sua torneira

Favor não se esqueça

Evitando o desperdício

Ou então se compadeça

Pois existe uma senhora

Com uma lata na cabeça

Pietro Assis
Enviado por Pietro Assis em 14/06/2011
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