SINA SERTANEJA...

As folhas caíndo

No meio da mata

Já seca a cascata

O verde partindo

Calor ressurgindo

Queimando o Sertão

Rachando o porão

O peixe já morre

Asa Branca corre

Desse sequidão

O vento soprando

No cume da serra

Levantando a terra

Poeira espalhando

O mundo rasgando

Força colossal

Esse vendaval

Que tudo devora

O povo estupora

De forma brutal

Água de cisterna

Caída da bica

Escassa já fica

Abaixo da perna

O calor inferna

Não há solução

Devendo o patrão

Vive em desespero

Nem mesmo o tempero

Botou no feijão

Vive de alugado

Da bolsa família

Se trabalha um dia

Fica três parado

No sertão lascado

Na mão de político

Um filho raquítico

Fácies de marasmo

Gritando de espasmo

Que estado crítico!

Panela vazia

Sem ter condimento

Grande isolamento

Só em Deus confia

Aquela família

É forte, não corre

A lágrima escorre

É triste seu pranto

Sertão é seu canto

Nasceu ali morre!

Monturo pelado

Vagueia o cachorro

Pedindo socorro

De fome coitado

Será devorado

Por essa estiagem

É essa a paisagem

De fome e de morte

Sem rumo e sem norte

Mas sobra coragem!

Poeta de Branco
Enviado por Poeta de Branco em 27/06/2011
Código do texto: T3060602
Classificação de conteúdo: seguro