A noiva fujona e meu livrinho de cordel

Meu encontro com o Cordel,

Deu-se o ano passado,

Quando a biblioteca da escola

Estava sob nova organização.

Encontrei sobre a mesa,

Todo desmantelado,

Um livrinho de capa verde,

Parecia feito à mão.

Peguei o grande achado

E fui ler com atenção.

Que grande surpresa tive,

De ali, nas linhas ler,

Uma história toda "rimando",

Que só você pra ver.

Eu que torcia o nariz para o cordel,

Logo fui me apaixonando.

Era a história da noiva fujona,

Que a todos enganou.

Bem no dia do seu casamento,

O seu noivo abandonou.

Deixando-lhe um triste bilhete

E o anel que o noivo comprou.

Disse: “-Vou viver outras aventuras,

Que o meu coração mandou”.

Após ler essa história,

Fiquei a criticar,

Que mocinha tirana

"essa tal da noiva fujona.

Foi acreditar nas palavras

De uma pilantra cigana,

Deixando seu noivo plantado

Numa igrejinha interiorana.

Descansei o livro sobre a mesa

Fui pensar com a razão.

Se a noiva fujona

Estava certa ou não,

Porque casar-se sem amor

E só viver de desilusão?

Empencar-se de filhos

E sufocar seu coração?

Dos ditados populares

E de minhas muitas leituras,

Vou tirando experiências

Para o meu próprio futuro.

Vou abrindo mais os olhos

Pros moços, mas com ternura,

Para eu não ser presa fácil

Nessa grande "desventura".

Tristeza eu tenho do querido livrinho,

Não tive tempo de livrá-lo

De seu trágico destino.

Numa tarde de verão,

Alguém sem coração,

Ou por engano o levou,

Junto com outros reciclados,

Todo triturado, papelão ele virou.

(A Jerson Brito, meus agradecimentos, pelo grande valor dado a Literatura de Cordel. Fez-me recordar da primeira história que li.)

Para o texto: SÓ DEPOIS DUMA BATALHA/APARECEM OS VALENTES (T3061907)

De: Jerson Brito

SÔNIA SYLVA
Enviado por SÔNIA SYLVA em 28/06/2011
Reeditado em 29/11/2011
Código do texto: T3063325