Tudo eu sei... Autor: Damião Metamorfose.

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Mote do poeta Sebastião Cirilo.

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Eu tirei a ré das cobras,

Pra não andarem pra traz.

E as ensinei como faz

Rodilha e outras manobras.

Botei venenos de sobras,

Bem pior do que morfina.

Mas não as fiz assassina,

Defendem-se com os dentes,

Se é pra falar de serpentes,

Tudo eu sei, ninguém me ensina!

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Eu já comi mungunzá,

Maniçoba e macambira,

Piaba, pacu, traíra,

Tatu e tamanduá,

Teiú, cutia e preá,

Aves, até de rapina.

Como até naftalina,

Coisa que você não come.

Se é pra não morrer de fome,

Tudo eu sei, ninguém me ensina!

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Se o assunto é namorar,

Namorei loiras, morenas,

Altas, medias e pequenas,

Bonita, feia e sem par.

Fiz todas se apaixonar,

O meu olhar contamina.

Mais que eu ninguém domina

A arte da sacanagem.

Se o assunto é pabulagem.

Tudo eu sei, ninguém me ensina!

*

Eu já joguei em bodegas,

Igrejas e cemitérios,

Hospitais e necrotérios,

Restaurantes e adegas...

Tentei a sorte e Las Vegas,

Me envolvi com uma grã-fina

Que arrumou minha sina

Depois me deixou quebrado.

Se o assunto é carteado,

Tudo eu sei, ninguém me ensina!

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 12/07/2011
Reeditado em 12/07/2011
Código do texto: T3091118
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