Seu Dotô solte meu pai que ele num é bandido:

Seu Dotô solte meu pai que ele num é bandido:

I

Seu dotô vim lhe dizer

Sou de raça cangaceira

O sinhô num pode fazer

Essa arte tão grosseira

Solte logo o meu pai

Que nu sô de brincadeira.

II

O dotô me ispiou

Muito do desconfiado

Virô os ói, respirou

Depois falou, compassado

A Senhora me escute

Que eu lhe digo o resultado.

III

Seu pai num tá amarrado

Que eu sei que num é ladrão

É poeta respeitado

Lá das plagas do sertão

Ele está sendo tratado

Mas num se aperreie não.

IV

E que tratamento é esse?

O dotô vai me explicar

Um procedimento desse

Eu num posso concordar

Mermo que ele carecesse

Tinham que me perguntar.

V

O dotô me disse rindo:

Isso num é amarração

É umas tirinha de pano

Segurando cada mão

Prele num puxar a máscara

Que faz nebulização.

VI

Sou um médico estudado

Nunca maltratei ninguém

Seu pai aqui é tratado

Tudo que precisa tem

Tá quase recuperado

Ficando calmo, sai bem.

VII

O dotôzim bem feliz

Disse ainda: Seu Saldanha

Num tem mal nem cicatriz

Que lhe derrube a façanha

Vai cantar como um concriz

De força e garra tamanha.

VIII

Eu disse então, seu dotô

Aceite eu me discurpá

Me admirei, sostô

Ter vindo lhe aperrear

Ele num tem mal, nem dô

Logo, logo vai sarar.

IX

O médico, bem confiante

Olhou para pai, contente

E lhe disse radiante:

Saldanha, ainda agüente

Que o tratamento é constante

E o senhor é valente!

X

Meu pai é cabra danado

Tem vontade de viver

Nunca teve amarrado

Já posso compreender

Tá é muito bem tratado

Vi ficar bom e correr.

XI

O o o tava era certo

E eu sem saber de nada

Pai já tá ficando esperto

E a doença controlada

Com pouco mais tá liberto

De volta á sua morada!

XII

Bendito seja Jesus

E a vírgi Nossa Senhora

O tratamento é de luz

Com Deus o mal não demora

A felicidade conduz

Meu pai aqui nessa hora.

XIII

Vou embora pelejar

Quero seu quarto pintado

Quando o Senhor voltar

Tudo vai tá preparado

Tem muita gente a rezar

Vai ser ótimo o resultado

XIV

O cabra quando é querido

Tem de Deus a proteção

Nunca fica esmorecido

Crê na recuperação

Pai tá bem, fortalecido

Com remédio e oração.

XV

A gente que é beradeiro

Não entende medicina

O tratamento é certeiro

Hoje o feliz, pra cima

Meu pai, valente, Guerreiro

Na terra tem longa sina.

PS: Estes versos foram feitos a pedido de Tetê ( filha do poeta Zé Saldanha), falam de pensamento positivo, esclarecimento da necessidade do tratamento, confiança em Deus e esperança na vitória de pai sobre esta enfermidade, que não é mais forte que a força da fé e o poder do amor. Foram declamados para ele da maneira mais humorada e positiva feliz, por sua filha Reneide, na UTI da Casa de Saúde São Lucas, na tarde da quinta-feira 28 de julho de 2011. O bem produz seus frutos, sempre.

PS2: Quando pai voltar para casa, estaremos todos juntos com a imagem de Nossa Senhora na mão para recebê-lo, cantando hinos bonitos de louvor e gratidão a Deus.

Thomas Saldanha

Natal, 28 de julho de 2011.

Thomas Saldanha
Enviado por Thomas Saldanha em 28/07/2011
Código do texto: T3125302
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