MORENA TRIGUEIRA
MORENA TRIGUEIRA
Com o meu blusão de couro,
montado no Meu Tesouro,
o meu cavalo andador,
seguia no meu caminho,
ora flores, ora espinho,
fazendo versos de amor.
Subia montes diversos,
distribuindo meus versos
ao povo do meu lugar.
Minha morena trigueira,
à sombra de uma mangueira,
eu sentava a namorar.
Ficava ali um instante
de conversa interessante
com meu cavalo a pastar.
De vez em quando um carinho,
era o capim nosso ninho
e um bem-te-vi a cantar.
Um banho na cachoeira,
minha morena brejeira,
só quem viveu avalia.
Era o céu de intenso azul,
a brisa fresca do Sul,
no seu olhar, poesia.
Adeus, eu disse, a esperança
conserve, estou de mudança,
mas um dia eu voltarei.
Quem é feliz não esquece,
mas, quando o dia amanhece,
não sei aonde eu irei.
Beira-mar, prados distantes,
vales e novas amantes,
sempre encontra, o cantador,
em cada esquina da vida.
Em cada terra a acolhida,
em cada canto um amor.
O tempo passou depressa,
não cumpri minha promessa,
O meu cavalo morreu.
A vida passou ligeira,
mas a morena faceira,
meu peito não esqueceu.