A PROPOSTA DO EDON

Apresentação

Os personagens deste Cordel são todos verdadeiros.O personagem principal - o Edon - é cliente da CREAI - Carteira Agrícola e Industrial da agência do Banco do Brasil de Quixadá.Pessoa de família tradicional deste munícipio - os Queiroz - mas muito impaciente, sempre queria fazer de imediato,sua proposta para custear suas lavouras.Naquela época, a CREAI, já chamada de SETOP,era um corre corre de agricultores em busca de financiamento. Daí o porque do Neres - cordelista e contínuo do Banco - ter feito suas rimas. Como são de duplo sentido,ele pede desculpas ao Gerente e Supervisor,temendo alguma represália.Então, Tavares nas últimas estrofes do Cordel acalma o ânimo de Neres.

Edon perguntou: Marinete

Você pega a minha agora?

Ela disse, agora não

Pode voltar n`outra hora,

Na sua volta é que eu pego,

Garanto que não demora

Marinete disse, Edon

Dê uma volta na rua

É o tempo suficiente

Pra que a proposta eu conclua

E quando você chegar

Ai eu pego a tua.

Edon disse, Marinete

Cutuca pra vê se sai

Já dei duas este ano

Mas parece que não vai

Todos os anos eu pelejo

Mas a coisa se retrai.

Marinete disse, Edon

Com meu chefe vá falar

É ele quem autoriza

Hoje a sua eu pegar,

Se ele disser que eu pegue

Você já pode esperar.

Edon olhou Marinete

Com um jeito sorridente,

Se Tavares disser não

Eu vou falar com o Gerente

Pedir pra ele mandar

Você pegar a da gente.

Marinete disse, Edon

Estou aqui pra pegar

A sua e de qualquer um

E na hora que chegar

Se o chefe mandar eu pego

Não estou pra recusar.

Marinete disse, Edon

Tenha calma e paciência

O que você está falando

Não é minha competência,

Pois pra pegar esta tua

Só com ordem da Gerência.

Edon disse:Marinete

Vou falar com "seu" Arteiro

Quem sabe, solta ele a minha

E eu pego o meu dinheiro.

Diz ela,se der a ordem

Pego a tua primeiro.

Edon então foi à Gerência

Depois ao Supervisor,

Disse bom dia Tavares

Quero falar com o senhor

Vê se solta logo a minha

Pois o gerente mandou.

Tavares disse:oh Edon

O dinheiro não chegou

Porém assim que chegar,

solto logo a do senhor,

Pois é minha obrigação

Não estou fazendo favor.

Edon então despediu-se

E saiu pisando duro

E disse, vou desistir

Pois isto não tem futuro

A que já dei este ano

Foi embora no seguro.

Disse Edon: eu vou embora

E aqui não volto mais,

Isto era bom com o João Eudes

Pois a gente tinha cartaz

Hoje eles pegam a da gente

Seguram e não soltam mais.

Com esse tal de Tavares

Tudo mudou de figura

Só fazem a gente andar

Com um tal jogo de cintura

Pegam a da gente e engavetam

E nunca mais dão soltura

Vem o chamado na rádio

Ou quando for uma cartinha,

Mas ainda fico em dúvida

Pois a gente não adivinha

Como é que vou saber

Que ele soltou a minha?

Edon disse a Marinete

Que deu duas e não saiu,

Marinete perguntou,

Mas onde é que já se viu?

Edon então respondeu

Foi no Banco do Brasil

Não quis fazer nenhum mal

Eu garanto o meu troféu,

Sou poeta popular

Apologista do Cordel,

Pois me vieram estas rimas

E as escrevi no papel.

Garanto que em meu trabalho

Não há nenhuma maldade,

Apenas escrevi fatos

Próprios da humanidade

Quis eu falar no matuto

Com sua ingenuidade.

Grande poeta Zé Neres

"Cê" não vá se apoquentar

As suas rimas são boas

Só nos vem é alegrar

Por isso peço a você

Peço pra continuar

Você é grande poeta

Da terra de Quixadá

Onde morou Aderaldo

No bairro de Piquiá

E transmitiu pra você

O canto do sabiá.

Aderaldo era um cego

Que morou neste lugar

Cantava aqui e ali

Cantava aqui e acolá

Cantava no Canindé

Versejava em Quixadá.

Você é um cordelista

Das bandas deste sertão

cantou ontem, canta hoje

Alegra o meu coração

Por isso grande poeta

Peço: que não pare não.

O cordel é muito bom

Não faz vergonha a ninguém

Canta o pobre, canta o rico

Canta quem tem e não tem

Por isso grande Zé Neres

Faça o que lhe convém.

O meu nome é Tavares

E a você conheço bem

A Marinete e Arteiro

Gostam de você também

O Edon e os Orestes

Estes sim, como nimguém

Zé Neres, Zé Neres velho

Conhecedor de Aderaldo

Conhece Miguel Peixoto

Conhece Luiz Osvaldo

Só não conhece João Neto

Pois lhe enganou com um caldo.

Ó grande amigo Zé Neres

Acabe com esta besteira

Eu, Arteiro e Marinete

Sabemos que é brincadeira

Vou terminar por aqui

Vou me sentar na cadeira.

Antonio Tavares de Lima e Antonio Tavares de Lima / Zé Neres
Enviado por Antonio Tavares de Lima em 27/08/2011
Reeditado em 23/11/2013
Código do texto: T3185608
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