O Encontro de Makunaima com Ajuricaba contra a biopirataria

É mais um dia em Roraima

O sol reveste o lavrado

A floresta permanece

Sempre com muito cuidado

E o rio Branco reflete

O firmamento azulado

Aproveito ocasião

Para uma história contar

Escrita neste rincão

Que está bem longe do mar

Atenção, caro leitor

Agora vou começar

E é quando Makunaima

Vai descendo o Uraricoera

Por que quer realizar

Um dos sonhos que tivera

Desembarcar em Manaus

E terminar longa espera

Vai levando na bagagem

Peixe, rede e bacaba

Ao encontrar o rio Negro

A ansiedade acaba

Pois bem sabe que está perto

De rever Ajuricaba

E os fins para este encontro

De importante honraria

É juntar todas as forças

E mostrar soberania

Proteger nossa Amazônia

Da tal biopirataria

O heróico Ajuricaba

É um tuxaua guerreiro

Maior da Nação Manaos

É líder do povo inteiro

Luta pela liberdade

Do seu lugar verdadeiro

É nosso maior exemplo

Ante invasor português

De exploração e cobiça

Que houveram naquela vez

E neste tempo presente

Tudo aquilo se refez

Pois a biopirataria

Veio com o descobrimento

E levaram o Pau-brasil

Começou nosso tormento

Dizimaram nossas tribos

Aumentou o sofrimento

Invadiram nossos lares

Impondo a escravidão

Roubaram nossas florestas

Numa grande exploração

Levaram nosso saber

Covarde apropriação

E assim se apropriaram

Dos recursos naturais

Exploraram nossa terra

Com práticas imorais

Destruíram nossa casa

Pelas multinacionais

Nossa flora e nossa fauna

Estão sendo cobiçadas

Pelo grande contrabando

Dentro das nossas moradas

Que sem lei de proteção

Se tornam ameaçadas

Foi assim que aconteceu

Com a leitosa seringueira

Levaram suas sementes

Cruzando nossa fronteira

Que cresceu em outra terra

Acabou a borracheira

Temos que ter atenção

Dos registros e patentes

Cupuaçu, andiroba

As quais são marcas recentes

Açaí e copaíba

Também se fazem presentes

E assim Ajuricaba

E Makunaima se uniram

Juntos seguiram em frente

E no planalto subiram

Na Capital Federal

O apoio conseguiram

Foram pra Nova Iorque

Na sede geral da ONU

Junto com muitos países

E também Yoko Ono

Disseram na plenária

E não deixaram abono

Makunaima (MK):

São os países mais ricos

Verdadeiros terroristas

Contrabandearam espécies

Tais como ambientalistas

Depois botam as patentes

Biogrilos capitalistas

Ajuricaba (AC):

Temos a exploração

Das riquezas da Amazônia

E justo neste postigo

Robertão cantou insônia

Matanças, crimes e tráficos

Herdos do Brasil Colônia

AC: Enquanto nossos políticos

Olham para os seus umbigos

Amazônia das riquezas

Abriga grandes perigos

Nem vemos o nosso verde

Que já são dos inimigos

MK: Passando pelo rio Branco

Depois de Santa Maria

Por lá tem um povo estranho

Em uma grande euforia

Um pessoal todo louro

É tudo da gringaria

AC: Vem gente de todo canto

E diz que é pesquisador

Iludindo todo mundo

E promete toda cor

Enche seus bolsos de grana

E nos deixa muita dor

MK: Temos é que dar um basta

Em toda essa confusão

Que levou nossa história

Nossa casa, o nosso rincão

Destruiu as nossas vidas

Dominaram nosso chão

AC: E quantas tribos se foram

Mesmo depois de lutar

Tão unidas pelo verde

Pelas vidas, seu lugar

E que só restou apenas

Este chão pra descansar

MK: Aqui é nosso lugar

Identidade no chão

Caminho de nossa vida

Acordes de uma canção

Verde da nossa bandeira

O bater do coração.

(Inspirado na canção “Ajuri” do grupo Raízes Caboclas do Amazonas)

Boa Vista, 1º de setembro de 2011

Rodrigo Leonardo Costa de Oliveira
Enviado por Rodrigo Leonardo Costa de Oliveira em 02/09/2011
Reeditado em 15/08/2014
Código do texto: T3196265
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