CONTOS ENCANTADOS EM CORDEL:O PEQUENO POLEGAR, CHARLES PERRAULT/ VERSÃO EM CORDEL: SÍRLIA SOUSA DE LIMA

Era uma vez

Num passado bem distante

Havia uma família

Com a vida agonizante

Tinham sete filhos

Que número exorbitante

E viviam na pobreza

Sem poder ir adiante

Sendo lenhadores

Não ganhavam o bastante

Um filho sempre a nascer

Que coisa impressionante

O filho mais velho

Tinha dez anos de idade

O mais novo tinha sete

E tinha dificuldade

Falava muito pouco

Sentia fragilidade

Ele nasceu pequenino

Do tamanho de um botão

Até se parecia

Com um dedo da mão

O mais baixo de todos

Polegar chamou-se então

A pobre criança

Era a mais hostilizada

Só por ser pequenino

Não tinha direito a nada

Era culpado por tudo

Que vida aperreada!

Ele falava pouco

E ouvia de montão

Era muito prudente

Pra não perder a razão

Sem falar o quanto era nobre

O seu grande coração

E veio o tempo difícil

Na família numerosa

Sem saber o que fazer

Com idéias pavorosas

Levar os filhos pra morrer

Na floresta tenebrosa

Polegar ouviu tudo

Não queria dar manchete

E pegou uns seixos brancos

Que esperto esse pivete

E levou-os escondidos

Em sua meia soquete

E foi assim que os pais fizeram

Num ato de desespero

Levaram os filhos pra floresta

Carne crua, sem tempero

Eles foram aos extremos

Isto não é exagero

A mãe chorava muito

Estava desconsolada

Amava seus filhos

Sentia-se agoniada

Levar os filhos pra morrer

Onde tem onça pintada

O casal já decidido

Não quis retroceder

Levaram-nos à floresta

E sem ninguém perceber

Já saíram de fininho

E o coração forte a bater

As crianças ao perceberem

Começaram a chorar

E gritavam muito alto

Sem nada adiantar

E o Polegarzinho

É quem foi lhes consolar

Disse manos não chorem

Eu tenho a solução

Eu marquei o caminho

Segurem minha mão

Eu os levarei de volta

Pra acabar essa aflição

E lá na casa dos meninos

Veio sem avisar

Alguém que os devia

E dez pesos vieram pagar

O casal ficou contente

Nem podia acreditar

Aquele dinheiro

Iria alimentar

Lembraram dos filhinhos

Puseram-se a chorar

Mulher vá ao açougue

Carne boa vá comprar

A mulher comprou bastante

Até iria sobrar

Nisto as crianças

Estavam a retornar

Onde estão meus filhos?

Acabamos de chegar!

A felicidade durou

Enquanto o dinheiro rendeu

E de volta pra floresta

O pior aconteceu

Marcaram o caminho com pão

Veio um pássaro e comeu

Perdidos muitos dias

Viram acesa uma luzinha

No outro lado da floresta

Longa distancia tinha

E com muita exaustão

Chegaram à casinha

Foram bem recebidos

Por uma bondosa mulher

Pensaram ter encontrado

Refeição e talher

Só que lá havia um ogro

Que comia sem colher

O ogro era o marido

Daquela amável senhora

Ela os preveniu

Ele crianças devora

Eles sentiram medo

E não foram embora

Sete filhas tinham o casal

Eram todas mulheres

Tinha diferencial

Tinham dentes afastados

Tinham jeito de anormal

A mulher disse ao marido

Eu preparei um carneiro

Ele é novo e tem bom cheiro

Sinto cheiro de crianças

Quero devorar primeiro

A mulher disse ao marido

Jante o que eu preparei

Os outros alimentos

No quarto eu já guardei

Amanhã não tem demora

Cedo, te esperarei

A mulher atenciosa

Teve hospitalidade

Colocou-os pra dormir

Num quarto de verdade

Junto com as sete filhas

Sem ter privacidade

As filhas do ogro

Dormiam com uma coroa

Coberta de ouro

Polegar teve idéia boa

Quando o ogro apareceu

O facão quase que voa

Pensando serem as crianças

O ogro decepou

A cabeça das filhas

Ele se desesperou

E foi à caça das crianças

A corrida começou

Polegar muito esperto

Mandou seus irmãos correr

Disse voltem para casa

Que eu vou me esconder

Assim que puder eu volto

Eu não vou me perder

O ogro correu muito

Correu até se cansa

Sentou-se numa rocha

Começou a roncar

E sua bota encantada

Polegar já foi tirar

Quando vestiu as botas

Sentiu-se importante

Ajustou-se ao seu tamanho

E ficou bem radiante

A bota o levaria

A qualquer lugar distante

Na casa do ogro

Ele veio a retornar

Ele disse a mulher

Que viera buscar

As riquezas que ele tinha

Pra poder se salvar

O polegar em pouco tempo

Passou a ser mensageiro

Trabalhou até para o rei

E ganhou muito dinheiro

Voltou para os seus pais

Bem altivo e faceiro

Como diz o ditado

Tamanho não é documento

Não é pela aparência

Que se faz julgamento

Polegar salvou a todos

Livrando-os do tormento

Sírlia Lima
Enviado por Sírlia Lima em 05/09/2011
Reeditado em 10/07/2017
Código do texto: T3202956
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