A mina escarrando
("Cagando estava a dama mais formosa"
'Assim falou Bocage em seu soneto')
Assim remeto a Glauco e me meto
Talvez em um lugar onde eu não possa.
Não podia deixar é sem resposta
Essa "divina merda", este soneto
Às fezes eu apenas agradeço
Inspiro-me e pulo nessa fossa!
Escato vindo logo de São Paulo
Para o "cu do mundo", meu nordeste.
(Inverto pra versão cabra da peste.)
Dentro da minha pós-atualidade,
Traduzo a porra pra realidade
Talvez em pé (quebrado) de igualdade:
(Leitor, tu já vai ver do que eu falo...)
Escarrando tava a mina
Quando eu vi a nojenteza
Uma coisa que me atina
Mas tinha alguma beleza
Vou versando assim a sina
Da garota da realeza.
Era cinco da matina
Quando ouvi o escarrado
Você logo percebia
Que ele era um bem dado
E só depois você via
Que não tinha acabado.
Era a arte do escarro
Aquela cena em questão
A boca era só catarro
Destinado ao calçadão
Eu longe tirando sarro
Ela puxando o bolão
A goipada na estrada
Acabou-se num panfleto
Quando eu vi a presepada
Lembrei logo do soneto
Da mulé toda cagada
Nos quarteto e nos terceto
Lembrei depois do poeta
O tal Glauco de São Paulo
Que tratou de responder
À merda que entope o ralo
Desse meu Brasil inteiro
Que não tem nenhum regalo.
Depois lembrei de versar
Essa merda que eu faço
Já que a merda do Brasil
Não vai caber nesse espaço,
E eu termino é por aqui
Dizendo que era cabaço!