O MEU PÉ DE IMBU-CAJÁ.


 
VAI LONGE, MUITO DISTANTE
VAI TÃO LONGE QUE FAZ MEDO
QUANDO UM ANTIGO ARVOREDO
PRA MIM FOI MUITO IMPORTANTE.
EU ERA UM PEQUENO INFANTE
NOS BRAÇOS DE UMA BABÁ
JÁ APONTAVA PRA LÁ
PEDIA CHORAMINGANDO
PRA FICAR ENGATINHANDO
NO MEU PÉ DE IMBU-CAJÁ.
 
QUANTA PAZ NO CORAÇÃO
A NATUREZA ME DAVA
NO TEMPO QUE EU BRINCAVA
COM CARRO DE PAPELÃO.
NÃO TINHA HABILITAÇÃO
UNIFORME NEM CRAXÁ
MAS EU TINHA UM ALVARÁ
QUE DEUS ME DEU DE PRESENTE
PRA DIRIGIR LIVREMENTE
NO MEU PÉ DE IMBU-CAJÁ.
 
EU BRINCAVA BEM REAL
DE CRIAR GADO ZEBU
CADA CAROÇO DE IMBU
ERA UM BOI NO MEU CURRAL.
O MEU CAVALO DE PAU
SE CHAMAVA MANGANGÁ
MINHA MENTE AINDA ESTÁ
PENSANDO QUE ERA VERDADE
SÓ PRA CRESCER A SAUDADE
DO MEU PÉ DE IMBU-CAJÁ.

 EU AINDA BEM NOVINHO
RECITAVA POESIA
A MOÇA RETRIBUIA
COM UM BEIJO E UM CARINHO.
LÁ NO ALTO UM PASSARINHO
CANTAVA SEU BÊ-A-BÁ
ERA UM LINDO SABIÁ
CHEIO DE CUMPLICIDADE
DOBRANDO A FELICIDADE
NO MEU PÉ DE IMBU-CAJÁ.
 
VELHO QUERIDO ARVOREDO
MEU COMPANHEIRO E AMIGO
QUE SOUBE GUARDAR COMIGO
AQUELE DOCE SEGREDO.
E EU NUNCA TIVE MEDO
QUE PUDESSE ALGUÉM ESTÁ
SABENDO DO BAFAFÁ
DAS LOUCURAS QUE EU FAZIA
COM ELA NA SOMBRA FRIA
DO MEU PÉ DE IMBU-CAJÁ.
 
A MOCIDADE QUERIDA
PASSA TÃO RAPIDAMENTE
PASSA QUE A GENTE NEM SENTE
QUE SÓ TEM UMA NA VIDA.
SE ELA FOSSE REPETIDA
EU VOLTARIA PRA LÁ
PRA OUVIR O SABIÁ
SENTIR DA MOÇA O CALOR
FAZER MIL VERSOS DE AMOR
NO MEU PÉ DE IMBU-CAJÁ.