Aconteceu num salão de poesia...

Vejam só o que aconteceu num salão de poesia...(para os cordelistas e cantadores de plantão)

A TROVA chegou bem triste

Dizendo para o poeta

Esqueceram minha letra

Já não tenho mais uma seta

A rima está seleta

De seis versos para lá

Eu quase não sirvo mais

Para o poeta rimar

Ouvindo o lamentar

Da trova; com sua beleza

Chegou toda majestosa

A SEXTILHA bem acesa

Com a pose de rainha

E as pompas de princesa

Falando com singeleza

Explicou o que havia

Poema que tem seis versos

É melhor pra cantoria

Tem um tom mais ritimado

Pra cantar a poesia

E assim se vangloria

De ser a melhor da festa

A SEXTILHA diz pra TROVA

Que pode dar a mulesta

Mas sextilha é que é bom

E a trova é que não presta

Estava tirando uma sesta

A co-irmã SEPTILHA

Quando ouviu a pabulagem

Da poderosa sextilha

Então foi logo gritando:

SEXTILHA pode ir parando

Que da TROVA tú é filha!!

Eu sou a tal septilha

E tu sabes meu poder

Sou melhor pra poesia

Muito melhor que você

Ninguem bate minha meta

Sou a Deusa do poeta

Mas não sou de aparecer

Então logo de repente

Bem ali na minha frente

Como um cristão carente

Eu via "bem preocupada"

Mas depois dando risada,

Apareceu a oitava

Viu logo do que tratava

E deu logo uma tacada

Eu sou melhor na espada

No meu verso faz morada

Com ousadia e mais nada

A coragem dos poetas

Eu bato todas as metas

E ninguém me acompanha

Não me provoque que apanha

De minhas rimas irrequietas

Com toda essa algazarra

Comecei me preocupar

O que faço pra acabar

O muído dessa farra?

Cada uma mostra marra

Chamando a outra de péssima

No pingo da hora sétima

Vi uma moça bonita

Trajando um laço de fita

Me disse: Eu sou a DÉCIMA

Ela é muito elegante

Mas também muito fuleira

Começou falar besteira

E se mostrou arrogante

E taxou de ignorante

Quem pensava lhe bater

Disse: eu não posso perder

Pra coisas como vocês

Eu inspiro mais de seis

Dos poetas que me ver

Nisso foi logo chamando

Um irmão que estava ao lado

Um rapaz fino e educado

Que me foi se apresentando

E disse me encarando

Eu sou muito desejado

Sempre fui lisonjeado

Porque fiz por merecer

Para ti muito prazer

Sou o MARTELO AGALOPADO

Também veio outro irmão

Um meio agigantado

Disse logo "eu sou ousado

E sequer tenho perdão"

Poeta em minha mão

Eu já fiz muito chorar

É dificil me encarar

Em qualquer situação

Tu falas oh cidadão

Com o GALOPE A BEIRA MAR!

Eu olhei logo pra o lado

E fui vendo os cordelistas

Cada qual com suas listas

Do que tinha se passado

E tudo foi relatado

Bem naquela ocasião

Não tomaram uma decisão

Do que se iam fazer

Mandaram eu resolver

Aquela situação

Eu olhei pra minha frente

Estavam os repentistas

Gritaram "Somos artistas

Que cantamos de repente"

Mas aqui na nossa mente

Não se sai uma solução

Resolva a confusão

Do jeito que tu puder

E tudo que tu fizer

Tem a nossa aprovação

Eu então tive uma idéia

De fazer uma eleição

Pra dar fim a confusão

Quem escolhe é a platéia

E nessa prosopopéia

Teve fim a algazarra

Foram escolher na marra

Qual era o melhor estilo

Mas o povo fez daquilo

Uma verdadeira farra

Jozias Umbelino
Enviado por Jozias Umbelino em 17/10/2011
Reeditado em 10/04/2012
Código do texto: T3282919
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