“DESCANSA UM POETA NA TERRA QUE AMOU”

“DESCANSA UM POETA NA TERRA QUE AMOU”

Das terras que vim à saudade malvada

Ainda faz morada no meu coração

Daquela bagagem tão pobre e modesta

Só ela inda resta no meu matulão

E guardo-a com afeto no fundo do peito

Dando-me o direito de nela embarcar

Pra um mundo de sonhos delírios anseios

E entre devaneios volto ao meu lugar!

E feliz me afogo nesses pensamentos

Vêem-me os sentimentos de felicidade

Da infância, do outrora, dos pais e parentes

Que já estão ausentes, na eternidade

Que bom que eu voltasse pra terra querida

Onde ganhei vida meu berço natal

Porém a doença o cansaço e a idade

Desfaz na verdade esse meu ideal!

Voltar a viver no meu Pé-de-Serra

Cultivar a terra como sempre fiz

E se acaso a morte chegar de surpresa

Pode ter certeza, morrerei feliz

E peço que rasguem uma vala no solo

E usando o colo desse chão amado

Em meio à caatinga pobre e ressequida

Meu corpo sem vida seja sepultado

A cruz pode ser de umburana ou facheiro

Com um breve letreiro dizendo quem sou

E a frase singela: Na humilde valeta

“Descansa um poeta na terra que amou”

Carlos Aires 27/10/2011