O MOTORISTA CAGÃO

Um dia eu viajei

Com destino a Maceió

Uma viagem tranqüila

Não podia ser mió

Mas a volta meu irmão

Me deu foi muita dó.

Resolvi o que queria

Com muita agilidade

Andei, fui pro ponto

Cheio de felicidade

Peguei o primeiro bus

Voltando Para a cidade

Meu destino, Rio Largo

No ônibus da tropical

Seu prefixo vinte e sete

Saindo da capital

Onze horas e quinze

Seu horário normal.

O peguei lá na cambona

Passei na rodoviária

Saímos lá no farol

Esta rota diária

Como a quilometragem

Que não é imaginária

Mas chegando num posto

Que faz abastecimento

Ouvi o povo conversando

Sobre um, tal sofrimento

Então logo observei

O motivo do lamento

Um rapazinho novo

Com jeitinho afeminado

Pulou pela catraca

Dizendo está atrasado

Foi embora pela rua

Um tanto preocupado

Lembrei logo de um filme

Onde o piloto sumiu

Perguntei pelo motorista

O cobrador disse: “Saiu!”

Porém fui argumentando

O miserável somente riu.

Portanto desconfiei

Da infeliz situação

Foi quando dois rapazes

Gritarem sem comoção

“Gente olhe para ali

Lá vem o motor cagão!”

Olhei de imediato

Para o lado que ele vinha

Totalmente desconfiado

O rosto vermelho ele tinha

Enquanto os passageiros

Todos faziam gracinha

E o pobre motor coitado

Pôs-se então a trabalhar

Ligou a chave do ônibus

Pôs o bicho para andar

O povo ia conversando

Sempre do motor zoar.

Imagine então você

Esta má situação

O pobre profissional

Sendo chamado de cagão

Porque no dia anterior

Se fartou de um bom feijão.

Participou de uma festança

Comeu uma boa feijoada

Bebeu cerveja, tomou pinga

Rangou carne e macarronada

Porém no dia seguinte

Teve dor daquela lascada

Foi então trabalhar

Para garantir o pão

Não fugiu da labuta

Foi à melhor opção

Preferiu passar mal

E ser chamado de cagão.

Mas voltando a viagem

Que comecei a contar

Ainda estamos na metade

Temos que continuar

Pois o herói motorista

Quer em casa chegar

Já perto de Rio Largo

Novamente ele parou

Perto da casa da Graça

Geovane perguntou:

Oxente Miguel me diga!

Por que o ônibus estacionou?

Eu já bem informado

Disse da tal situação

Meu amigo Geovane,

Foi o motor cagão

Que desceu nas carreiras

Para nossa salvação

Pois quase sai pelas calças

O piloto do motor

Que na verdade chamamos

Bosta, merda ou côcô.

Ainda bem que correu

Não provocou um terror.

Levou mais de meia hora

Para o pobre voltar

O ônibus já atrasado

E o povo a reclamar

Todo mundo agoniado

Querendo logo chegar

Um dos treze passageiros

Desceu com medicamento

Pegou um copo com água

Pra aliviar o sofrimento

Daquela triste alma

Dando fim ao tormento

Novamente deu seqüência

A sua grande empreitada

Deixando os passageiros

Perto de suas moradas

Ainda faria outra viagem

Para o fim de sua jornada.

Já em frente a empresa

Um funcionário desceu

Gritando para o companheiro

Que bom que tu não morreu!

Deu umas gargalhadas

E para a viação correu

E o pobre motorista

Deu um triste sorriso

Pedindo ao nosso Deus

Pra não o levar ao paraíso

Prometendo ao mesmo

Que tomaria juízo

E por um bom tempo

Não iria mais comer

Estas coisas gordurosas

Pois não queria morrer

E também não imaginava

Que a barriga iria doer.

Já passando da garagem

A Cigarra porém tocou

E na Mata do Rolo

O Buzão logo parou

Desceu um dos rapazes

Que do motorista zombou.

Ainda dentro do ônibus

Sem nenhum perdão

O rapaz agradeceu

Com aquele vozeirão

Valeu motor, obrigado

Valeu motorista cagão!

O povo riu tanto

Bom, não teve briga

E o tal do rapazinho

Não quis fazer intriga

Mas notei um resmungo

Falando: “Fi de Rapariga!”.

Todo mundo gargalhou

Da onda daquele rapaz

Que zombou toda viagem

Do motor tirou a paz

Mas o profissional provou

Que não era um incapaz.

Cegando ao meu ponto

Era hora de descer

Cheguei junto ao cobrador

Disse: “Eu vou Escrever

Este fato Hilariante

“E Para ti eu vou trazer”.

Espero ter repassado

Tudo que aconteceu

E que o pobre Motorista

Neste dia ele venceu

Uma grande dessentiria

Graças a Deus não morreu.

Portanto então me despeço

Parabenizando este Herói

Pois sei que dessentiria

Profundamente dói

E quando não sai mais nada

O intestino se rói.

Por aqui vou parando

Também vou agradecendo

Pois estou com dor de barriga

Pro banheiro já estou correndo

Mas se tiver feijoada

Podes crer estou comendo.

Valeu seu motorista,

Cabra bom de profissão,

Lute pela sua vida

Batalhe pelo seu pão

Aqui estou terminando

Valeu motorista Cagão.

“Homenagem ao profissional que mesmo passando mal, deu seqüência a sua jornada de trabalho e que venceu a incompreensão de muitos em seu dia-a-dia de trabalho. Parabéns motor!

Miguel Nascimento

Rio Largo, 27/10/2011.