UMA MISSA DIFERENTE

Um dia pra ir na missa

Vesti a calça do avesso

E por causa da preguiça

A etiqueta do preço

Da camisa não tirei

A vergonha que passei

Isso só foi o começo.

Pus um sapato sem meia

Pé esquerdo no direito

E já na hora da ceia

Não percebi o defeito

Veja só que armadilha

Me arrebentou a barguilha

Eu fiquei todo sem jeito.

Na hora da procissão

Que o padre ía entrar

Foi grande a gozação

Ninguém queria rezar

Me deu um nó na bexiga

E muita dor de barriga

Pensei: não vou aguentar.

Ele tava sem batina

Com um chinelo de dedo

Um preto e outro azul

Me deu dois tipos de medo

Será q'ele bebeu sozinho

Uns cinco litros de vinho

E o vinho tava azedo?

Ele errou o caminho

Que dava para o altar

Foi direto à sacristia

Acho que pra confessar,

Mas foi uma das beatas

Correndo igual barata

O nosso padre chamar.

Ele veio soluçando

Pediu bençãos ao Divino

Deu inicio a oração

Alegre feito menino

A missa era em agosto

Mas o padre no oposto

Fez um culto natalino.

Ele falou que Jesus

Nasceu mesmo em janeiro

Num dia quente de chuva

Seu pai era caminhoneiro

Por isso, a Salvação

Nasceu em um caminhão

No meio de um atoleiro.

Não eram os três reis magos

Que lhe traziam presentes

Mas eram de outros países

Os seus ditos presidentes

De limosine importada

Traziam da pátria amada

Chiclete, bala e trydent.

Na hora de darmos glória

Foi muita ola e buzina

Os fiés todos dançavam

Pareciam bailarina

Igual chefes de torcida

Durante uma partida

Do Brasil contra Argentina.

Na hora da homilia

Que coisa mais engraçada

O padre com alegria

Ria e contava piada

Nem mesmo o coroinha

Se aquetava, se continha

Morria de dar risada.

Sem contar que os cantores

Cantavam dance e forró

Rock pauleira e funk

Da eguinha pocotó

As beatas rebolando

E o povo todo pulando

Era uma alegria só.

Todo mundo se abraçava

Quando a missa terminou

Batiam palma pro padre

Quando ele abençoou

As portas foram abertas

Antes mesmo das ofertas

Dízimo ningúem entregou.

Engraçado que o povo

Não queria ir embora

Nisso veio lá o padre

Pondo os fiés pra fora:

Daqui eu sou o caudilho

Em nome do pai e do filho

Preciso dormir agora.

Essa missa aconteceu

Na igreja Sem Noção

Na cidade Fantasia

Bairro da Imaginação

Rua 1º de Abril

Esquina com à Imbecil

Prédio sem teto e sem chão.

Edilson Biol
Enviado por Edilson Biol em 22/11/2011
Reeditado em 22/11/2011
Código do texto: T3350574
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.