Votar? Pra Que?

Votar? Prá Quê.

Eu tô me lembrano agora

Dos meus tempos de minino,

No fim dos anos quarenta;

Não maginava distino

E meu pai Zeca Silvino,

Viveria até os oitenta.

Mas por ser anarfabeto

De pai de mãe e de avô,

Nem sequer registro tinha;

Pra nois tinha seu valor

E na profissão que abraçou,

Com jeito ele nos mantinha.

Num gostava de lorota

Nem de coisa mal tratada,

Mas era conversador;

Era home de palavra

Cumpria o que tratava,

Até dibaixo de dor.

Tinha cisma de político

Num gostava de doutor,

Nem de padre nem de crente;

E ele sempre nos dizia

“Quer viver com alegria,

Não dê VOTO pressa gente.”

“Votar prá quê? Num adianta!

Nois nem sabemo votá!

Nem o qui eles vão fazer;

Pra nois num tem serventia

Pra eles é mordomia,

E nois só vamo sofrer.”

É pai, o senhor tava certo

Essa gente num vale nada,

Nem a comida que come;

Enquanto eles enriquece

Nois pobre sofre e padece

Com um salário de fome.

Guel Brasil
Enviado por Guel Brasil em 11/12/2011
Código do texto: T3383592
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