Sem Titulo

Sem Titulo.

Guel Brasil.

Nos meus tempos de menino

Ouvia os mais velhos falarem

De um tal de papai Noel,

Diziam que era um velhinho

De barba e cabelos grandes

Que esvoaçava pelo céu.

E era só uma vez por ano

Que o velhinho aparecia

Carregado de presente;

Carrinhos, bolas, bonecas

Montado em seu jumentinho

Todo alegre e sorridente.

Mas ali onde eu morava

Um fim de mundo medonho

Papai Noel não passava;

Bolas, carrinhos, bonecas,

Eram sonhos de menino

Que ao acordar se acabava.

Nossa mãe, maltratada pela vida

Andava muito doente

Sem jeito de melhorar;

Com doença matadeira

E nós naquela pobreza

Não podia continuar.

Ainda éramos pequenos

Papai mudou pra cidade

Por força de precisão;

Nos colocou na escola

E foi viver de pago em pago,

Pra garantir nosso pão.

Na cidade outras crianças,

Outra vida, outro mundo

Que a gente não conhecia;

Bem diferente da roça

Lojas policia, tumultos,

Um mundo de fantasia.

Nas lojas muitos brinquedos

Sapatos, roupas bonitas,

Expostos para vender;

Carrinhos, bolas, bonecas,

Que enchiam os olhos da gente

Da ânsia de um dia ter.

Assim na minha inocência

Pensei que papai Noel

Pudesse nos ajudar;

Mas eu nunca o tinha visto,

Ele não nos conhecia

Mas eu tinha que tentar.

Então Dezembro chegou

As lojas se enfeitaram

Com luzes e muita cor;

E eu fui ver papai Noel

Não pra pedir um presente,

Mas apenas um favor.

Que ele ajudasse mainha

A se ver livre das dores

Era só o que eu queria;

Nem de longe pude vê-lo

Pois estava maltrapilho

E chegar perto eu não podia.

Só as crianças mais ricas

Vestidas com roupas caras

Puderam ver o velhinho;

Então eu voltei pra casa

Sem presentes, sem favores

Chorando pelo caminho.

Daquele mês de Dezembro

Eu nunca mais esqueci

E nem gosto de lembrar;

Perdi mainha pras dores

Perdi o sonho de menino

Que sequer pode sonhar.

Guel Brasil
Enviado por Guel Brasil em 17/12/2011
Código do texto: T3393413
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