Cordel Contemporêneo

Este trabalho pretende

Tomar parte na questão

Que diz respeito ao cordel

Fazendo a comparação

Entre o folheto de outrora

E o da nova geração

O cordel se fez presente

Na vivência sertaneja

Com precisão descrevia

As cenas de uma peleja

Antecedeu com louvor

As revistas, tipo “Veja”

Dos assuntos principais

Que cativavam o leitor

Posso dizer que o cangaço

Logo cedo despontou

Mas competiam com ele

Várias histórias de amor

No folheto se escrevia

Sobre o povo do nordeste

Do vaqueiro, sua lida

E do cangaceiro, a veste

Mas havia quem gostasse

De personagem celeste

Os menestréis descreviam

A vida do cangaceiro

A vingança imediata

Da morte de um catingueiro

Imortalizava o gênio

De um perspicaz violeiro

Foi pura literatura

Pendurada num cordão

Que descrevia as barbáries

Dos cabras de Lampião

Fotografando a miséria

Que massacrava o sertão

O povo era quem dizia

Este aqui é um menestrel

Nasceu para ser poeta

Não precisa de anel

Bastava lhe dar um tema

Que ele fazia um cordel

Ele foi fonte de renda

A muitos deu de comer

Visto que o povo na feira

Comprava pra depois ler

E o cordelista famoso

Só vivia de escrever

Hoje em dia é diferente

Não tem comprador fiel

Não se gasta por semana

Um centavo com cordel

Não se vende mais na feira

Exerce novo papel

Numa nova trajetória

Está noutra freguesia

Não se vê mais num barbante

Como no sertão se via

Ocupou novos espaços

Já freqüenta academia

Nas escolas brasileiras

Ele é muito utilizado

Pelo mestre, professor

Por quem é bem respeitado

Um salto pra quem nasceu

Num barbante, pendurado

Novos temas são propostos

Conforme a filosofia

Do cordelista atual

Que se esforça em demasia

Para tornar o cordel

De novo numa mania

Atualmente o cordel

Acrescentou na temática

Dos problemas sociais

Toda a sua problemática

Bem como já tem alguns

Com lições de matemática

Até no vestibular

Ele está focalizado

Quem não lê, quem não conhece

Poderá ser reprovado

Porque na escola foi

Por alguém bem declamado

Nos cursos de doutorado

Como tese principal

O cordel ganhou destaque

Do sertão ao litoral

Não há lugar que não veja

Do folheto a digital

Quem divulgar no jornal

Do cordel, a sua morte

Vai tirar mais uma vez

Pra derrota, o passaporte

Porque cordel é a cultura

De uma gente muito forte

Assim, quero concluir

Este tema sugestivo

Do qual nosso povo é

Desde o passado, cativo

Pois com bravura resiste

Preservando o cordel vivo

Polion de São Fernando
Enviado por Polion de São Fernando em 30/12/2011
Reeditado em 31/12/2011
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