O HOMEM DOS PÉS DE BARRO

No bairro do chuvisca sapo

Morava Joaquim pés de barro

Ele vivia sozinho, parecia feliz

Sempre tinha um canto bizarro

Seus pés amputados, ainda jovem

Quando foi atropelado por um carro

Porém ele jamais se entristeceu

Fez para si, duas botinas de barro

Sentado numa cadeira de rodas, sorria

Todo tempo, era doce, fazia mesuras

Era vidente, aprendeu a ler as mãos

Ficou famoso ao fazer muitas curas

Desfazia mal olhados, quebrava encantos

Lia o futuro, desfazia o mal, fazia predições

Ensinava as moças a acharem o amor

Conhecia os atalhos da alma e dos corações

No bairro do chuvisca sapo, onde morava

Era muito popular, a todos conhecia

Fazia milagres, juravam, dizia sempre:

O corpo é bom, a cabeça é que é doentia

O velho senhor dos dos pés de barro

Era sábio, ministrava muitos ensinamentos

Dizia que a vida era um parque de diversão

Brincava quem eliminasse os pensamentos

O homem pobre dos pés de barro

Não podia pelo mundo caminhar

Porém não sentia falta, andam por mim,

Dizia, que estava sempre em todo lugar

O homem das botas de barro trincadas

Falou que nunca soube o que era sofrer

Que seu mal era sentir pena dos que iam

Sem que tivessem conseguido viver!

Pedia que não olvidassem seu último pedido

Ir no caixão, com as mãos para fora, já frias

Para mostrar que nada trouxera ao mundo

Que assim voltaria, com as mesmas vazias!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 07/01/2012
Reeditado em 01/07/2021
Código do texto: T3427199
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