* O bichinho de estimação *

Um sábio passeava por uma floresta

Com seu fiel escoteiro

Quando avistou um sítio, disse:

Vamos até lá companheiro

Ao se aproximar

Constatou a pobreza do lugar

E ficou um pouco cabreiro

A casa era de madeira

Não havia calçamento

Seus moradores viviam

Consertando-a todo tempo

Era um casal e três filhinhos

Tive dó dos coitadinhos

Dali tirava o sustento

Usavam roupas rasgadas

Andavam de pé no chão

O sábio se contrariou

Com esta situação

Não havia nenhum comércio,

Nenhuma venda ou boteco

Para se comprar um pão

Perguntou ao pai daquela família

Diga-me, quero saber

Como é que sua família

Consegue sobreviver

Numa pobreza tremenda

Diga-me pra que eu entenda

E possa ajudar você

Nós temos uma vaquinha

Que nos dá leite todo dia

Uma parte a gente usa

A outra vendemos na freguesia

Produzimos queijo e coalhada

Para sustentar a molecada

Que é a nossa alegria

O sábio contemplou o lugar

E agradeceu a informação

Despediu-se e foi embora

Com aquela incucação

Disse ao seu escoteiro:

Jogue a vaca num despenhadeiro

Essa é a sua nova missão

O jovem muito espantado

Seu olho arregalou

É o único meio de sobrevivência

Daquela família, senhor

O sábio permaneceu em silêncio

Pois é isso mesmo o que penso

Vou lhes fazer um favor

Cumpriu a ordem do sábio

Empurrou a pobre vaquinha

Que não teve outra opção

Se não morrer, coitadinha

E aquela cena ficou marcada

Não podia fazer nada

Era o emprego que tinha

Muitos anos se passaram

E um dia o escoteiro voltou ao lugar

Com a intenção de ver a família

E esse episódio contar

Pedir perdão e oferecer ajuda

Por aquela coisa absurda

Que precisou praticar

Quando se aproximava do local

Avistou um sítio muito bonito

Com árvores floridas, todo murado

Com piso de mármore e granito

Um carro novo na garagem

E vendo aquela imagem

Ficou tonto, trêmulo e aflito

Pensou que aquela família

Tivera que vender

Aquele sítio tão lindo

Para poder sobreviver

Ficou muito angustiado

Pelo mal que tinha causado

Só agora foi perceber

Dirigiu-se ao portão de entrada

Foi recebido pelo caseiro

Perguntou-lhe sobre a família

Que morava ali primeiro

Quão enorme foi sua surpresa

Quando teve a certeza

Que era a da vaca do despenhadeiro

Elogiou o local

E ao dono do sítio perguntou

O que havia acontecido

Como foi que prosperou

E o senhor respondeu:

Tínhamos uma vaca que morreu

E sem nada a gente ficou

Então tivemos que arrumar

Outro meio de sobrevivência

Sentamos, choramos e pensamos

Com bastante paciência

E ao conversarmos com Deus

Que não abandona um filho seu

Pedimos benevolência

Foi quando descobrimos

Habilidades e talentos

Que não sabíamos que tínhamos

Nem passava em nosso pensamento

Este sítio é de Jesus

E ele é quem nos conduz

Toda hora e momento

Muitas vezes apegamo-nos

A alguma situação

Para nos servir de álibi e desculpas

Para nossa acomodação

Não queremos responsabilidades

Deixamos passar oportunidades

De seguir outra direção.

Conservamos o que temos

Como um bichinho de estimação

E sem percebermos

Vivemos na limitação

O que impede seu crescimento

Para e pense, por um momento

E abra para Deus seu coração

Claudia Pinheiro
Enviado por Claudia Pinheiro em 28/01/2012
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