Povoados dos Valores
Eu andava de bicicleta
De manhã bem cedinho
Pedalando pelas ruas
O tempo todo sozinho,
Mas de repente avistei
Um homem no caminho.
Fui passando devagar
Olhando para o senhor
Vendo ele estirado
No chão do desamor,
E o sofrimento estampado
Nos rasgos do cobertor.
Eu segui o meu caminho
Pedalando em direção
Pro destino que eu ia
Que era a casa de um irmão.
E num dei nem, mas fé.
Daquele pobre cidadão.
Porém, infelizmente
Uma coisa aconteceu,
No caminho que eu ia
Uma queda me ocorreu.
Caí e bati a cabeça
Daí tudo escureceu.
Quando abri os olhos
Que olhei em todo lado
Vi verde em todo canto.
Tudo ali tava mudado,
Do mundo que eu vivia
Nada ali tinha restado.
E quando olhei pro caminho
Vi um povo diferente
Caminhando numa estrada
De lado de uma vertente
Todo mundo em harmonia
E todos eles sorridentes.
Aquele povo era estranho
Dava pra ver no olhar
Tinham bondade nos olhos,
Gentileza no falar,
Era bonito o jeito deles,
E lindo ainda, era o lugar.
Fui aquele povo seguindo
Pois eu tava curioso
Pra saber onde moravam
Fui seguindo cuidadoso
Ate chegar num povoado
Aconchegante e gostoso.
Na entrada do povoado
Existia um mar de flores
Árvores belas, frondosas,
Com frutas e seus sabores
E uma placa dizendo
Povoado dos valores.
Percebi que em toda casa
Tinha escrito um valor
Na frente dela pintado
Com as tintas do amor,
E o telhado enfeitado
Com desenho de uma flor.
Mas de repente eu senti
Uma mão me tocando
Levantei-me assustado
E fui logo me explicando
Dizendo que eu “tava” ali
Por causa “dum” engano.
Eu tentando me explicar
Mas ele não quis saber
Disse-me apenas uma coisa
-Venha conosco viver!
E eu muito envergonhado
Não soube nem responder.
E saímos caminhando
Por aquele povoado
E ele só me dizendo:
-Esse lugar é encantado
Pois a terra da bondade
Aqui por Deus foi colocado.
Ele dizia bem assim:
-Aqui vivemos em união
Porque nós só recebemos
O que fazemos ao irmão.
A gente planta o que colhe
Pois é assim nossa missão.
Eram muito bonitos
As frases que ele dizia
Pois tudo que ele falava
No povoado acontecia.
Realmente era verdade
Toda aquela harmonia.
E eu perguntei a ele:
- Aqui nunca aconteceu
Alguma briga ou desavença
Ou alguém que já bateu?
Pois na minha terra só basta
Esbarrar num irmão seu.
Ele foi e respondeu:
- Observe bem direito,
As pessoas do povoado
Levam a bondade no peito
Pois aqui ninguém cultiva
A planta do desrespeito.
Pois em cada casa dessas
Há um valor diferente,
Morando e ensinando
Seu valor a essa gente
Pra ninguém colher frutos
De maldade lá na frente.
Por aqui o nosso lema
É conviver em harmonia
Cultivar a honestidade
Semeando a simpatia,
A verdade e o respeito
Vivem juntos todo dia.
Eu fui dar uma volta
Pra de perto conhecer
O povoado direitinho
E o que precisava ter
Pra morar nesse lugar
Agradável de viver.
Mas quando cheguei perto
Da casa da verdade
Vi saindo de dentro
Uma forte claridade.
Ai entrei para matar,
A minha curiosidade.
Dentro da casa tinha
Espelhos de montão
Todos eles com valores
Escritos em papelão
E estavam pendurados
Num pedaço de cordão
Olhei-me em um espelho
Com o nome cooperação,
Quando no meu reflexo
Apareceu o meu irmão
Numa cena que o ajudei
Em uma competição.
Fui olhar no outro espelho
Com o nome de amizade.
Apareceu os meus amigos
Passeando na cidade
Todos se divertindo
Com muita felicidade.
E em cada espelho
Do qual eu vinha olhar
O valor que tinha escrito
Eu via se representar
No reflexo do espelho
As minhas ações mostrar.
Era muito interessante
Aquilo que acontecia
Todo espelho que eu olhava
Uma cena aparecia
Do valor escrito nele.
Que aconteceu algum dia
Mas quando eu cheguei
No espelho da compaixão
A imagem que apareceu
Me deu uma inquietação
Pois ela refletiu aquele
Senhor que “tava” no chão.
E eu fiquei pensando
Porque aparece o senhor,
No reflexo do espelho?
Ai minha mente iluminou,
Pois quando passei por ele
Não pratiquei esse valor.
Naquela hora eu percebi
Toda a minha ingratidão
Pois ajudar ao teu próximo
Num é pena é compaixão
Quando notei o meu erro
O espelho caiu no chão.
O espelho se quebrou
Minha visão escureceu
E quando voltei a enxergar
Sabe o que aconteceu?
Eu tinha voltado pro meu mundo
Com o senhor ao lado meu.
E eu perguntei ao senhor
O que tinha acontecido
E ele me respondeu.
Que eu tinha sofrido
Uma queda na estrada
E estava adormecido.
Depois disso agradeci
Ao senhor por ter ajudado
E fiquei ali pensando
Se eu tinha imaginado,
Ou tinha sido um aviso
Que por Deus foi mandado.
E se aquele povoado existe
Eu mesmo não sei dizer,
E se aquilo foi um sonho
Eu vou querer adormecer
Pra voltar pro povoado
Que dos valores é chamado
E pra sempre eu lá viver.