CORISCO E LAMPIÃO NO PARAISO

Lampião foi cangaceiro

Temido em toda parte

Matou de tapa e soco

E tiro do bacamarte

De Pernambuco a Bahia

O que queria fazia

Morreu depois virou arte.

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Virgulino era o seu nome

De capitão foi chamado

Devido à morte do pai

Tornou-se um ser malvado

Matou gente em quantidade

Vingando a impunidade

Da justiça do passado.

X

Conheceu uma mulher

Que amou a primeira vista

Mulher de um sapateiro

Foi sua maior conquista

A rainha do cangaço

Que para da rima eu falo

Foi a Maria bonita.

X

Lampião depois de morto

Primeiro foi ao inferno

E depois chegou ao céu

Já querendo ser moderno

Mais São Pedro o porteiro

Disse para o cangaceiro

Não lhe vejo no caderno.

X

Lampião ficou zangado

Mais, porém já foi contido

São Pedro disse eu lamento

No céu não entrar bandido

Se arrependa do pecado

Pra ser assim perdoado

Como esta prometido.

X

Dê adeus a valentia

Abrande o seu coração

Ame ao próximo, pois ele

Meu filho é seu irmão

Seguindo o ensinamento

Recebera com o tempo

De Jesus a salvação.

X

O homem que anda no crime

Na vida não tem sossego

De noite não dorme bem

E sempre esta com medo

A polícia o persegue

Quem deve paga o que deve

Seja tarde, ou seja, cedo.

X

Lampião disse meu santo

Sei que fui um criminoso

E que os crimes os cometi

Cada qual mais horroroso

No sertão eu fui temido

E hoje me vejo perdido

Sem da paz sentir o gozo.

X

Depois de muita conversa

Enfim foi tudo acertado

Lampião ficou no céu

Logo após de ser julgado

No julgamento de um dia

Teve a Virgem Maria

Como seu advogado.

X

Lampião ali no céu

Foi-lhe dada uma missão

De fazer toda limpeza

Ali da Santa Mansão

Trabalhava no pesado

Para obter do pecado

De Deus absolvição.

X

Quando morreu lampião

Ficou corisco na terra

Esse era compadre seu

E tinha instinto de fera

Matava sem piedade

Com toda tranqüilidade

Sem ninguém lhe fazer guerra.

X

Corisco junto a dada

Sua fiel companheira

Andavam pelo sertão

No meio da capoeira

E de noite e de dia

A polícia os perseguia

Pela vida bandoleira.

X

Lampião ali no céu

Do mundo tudo sabia

Quem lhe contava era um anjo

Que a terra sempre descia

Passava um tempo por Cá

Depois de muito assuntar

Ao céu de novo subia.

X

Lampião ficou sabendo

Que corisco era esperado

Porque aqui pela terra

Seu tempo estava acabado

Era questão de segundo

Pra ele deixar o mundo

Conforme o combinado.

X

Em fim foi morto corisco

Também foi morta dada

Chegaram ao purgatório

O diabo mandou voltar

Foram então ao paraíso

Que é o reinado do riso

Onde Jesus Cristo está.

X

Quando chegaram ao céu

Na porta foram batendo

São Pedro que estava atento

De pronto foi atendendo

Eu já sei você quem é

Corisco e sua mulher

Diga-me o que estão querendo?

X

Corisco então disse assim

Peço a vossa permissão

Para entrarmos no céu

E obter a salvação

São Pedro disse não podem

Sem que eu tenha a ordem

De Deus Pai da criação.

X

Nisso chegou Gabriel

Um anjo de confiança

Ao lado de outro anjo

Que ainda era criança

Dando um recado de Cristo

E aumentando em corisco

E dada a esperança.

X

Chegaram até Jesus

O filho único de Deus

Que disse ao cangaceiro

Tantos são os crimes seus

Matou sem ter compaixão

E agora quer o perdão

Aqui nos recintos meus.

X

E Jesus continuou

A falar ao desafeto

Aqui no céu meu amigo

Só entra quem for correto

Cada um faz seu destino

Mais a sorte eu determino

Entre o errado e o certo.

X

No salão naquela hora

Entrou a Virgem Maria

Ao lado dela um anjo

Que cantava e que sorria

Uma canção de amor

Dando viva e louvor

Com perfeita harmonia.

X

Corisco vendo a Virgem

De joelhos caiu ao chão

E de todos os pecados

Chorando pediu perdão

Jesus então comovido

Concedeu ao bandido

A sua absolvição.

X

Corisco agradeceu

De Cristo apertando a Mão

Esse lhe disse agora

Vá encontrar lampião

Corisco saiu ligeiro

Foi achar o companheiro

Na sala de São João.

X

Lampião estava sentado

Ao lado dele um anjo

Tocava mulher rendeira

O anjo tocava banjo

E Virgulino uma harpa

Quando entraram na sala

Corisco e Miguel arcanjo.

X

Encontro de emoção

Naquele instante no céu

Lampião trajava branco

E usava um lindo chapéu

Corisco estava feliz

E como a historia diz

Teve até um coquetel.

X

Passada aquela festa

Tudo voltou a rotina

Lampião continuou

No trabalho da faxina

Corisco lhe ajudava

E com ele conversava

Sobre as coisas divinas.

X

No reino celestial

Tudo corria em paz

Até que em certo dia

A harmonia se desfaz

Entra no reino de céu

O enviado lumbel

A mando de satanás.

X

Lumbel chegou ao portão

Encontrou-se com São Pedro

Que de prontidão na porta

Do diabo não teve medo

Disse o diabo eu preciso

Entrar ai meu amigo

Venho trazendo um enredo.

X

O meu patrão lúcifer

Mandou-me com a missão

De incriminar corisco

E esse tal lampião

Deverão ser condenados

E depois serem levados

Pra arde no caldeirão.

X

São Pedro então falou

Franzindo o couro da testa

Saia daqui tipo viu

Elemento que não presta

Ordeno-lhe vá sumindo

Que você não é bem vindo

Numa casa como esta.

X

Por Jesus crucificado

Deixa já esse lugar

Onde reside o amor

Ordeno agora que vá

Deixe a casa do eterno

Volte Lá para o inferno

Pare de nos atentar.

X

Nisso chegou contingente

De anjos uma legião

Para proteger São Pedro

Da terrível tentação

O diabo urrou feito touro

Deu um tremendo estouro

E evaporou-se do chão.

X

Nesse momento chegaram

A Virgem e Jesus Cristo

Chegaram mais outros anjos

E lampião e corisco

Reinou paz e alegria

Bendita seja Maria

E o seu querido filho.

Geraldinho
Enviado por Geraldinho em 10/02/2012
Reeditado em 09/07/2014
Código do texto: T3492039
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