* O barulho que fazemos *

Certa manhã, meu pai convidou-me

Para fazermos um passeio

Que aceitei com prazer

Ao receber um galanteio

Porém, ele se deteve calado

Que me deixou encabulado

E de perguntar tive receio

Depois de um pequeno silêncio

Ele então me perguntou:

- Além do cantar dos pássaros

O que mais você escutou?

Apurei meus ouvidos e respondi:

- Um barulho de uma carroça, ouvi.

Meu pai sorriiu e confirmou.

- Isso mesmo, disse meu pai.

É uma carroça vazia

Fiquei impressionado

Como é que ele sabia

Se a carroça não estamos vendo

Como você está sabendo?

Perguntei-lhe com simpatia

- Ora, respondeu meu pai.

É muito fácil saber

Uma carroça vazia

Faz barulho para valer

Quanto mais vazia a carroça

Maior é o barulho que mostra

È fácil compreender

Tornei-me adulto, e até hoje

Quando vejo uma pessoa falando demais

Inoportuna, interrompendo

A conversa dos demais

Quanto mais vou entendendo

Penso em meu pai dizendo:

- Quanto mais vazia, muito mais barulho faz.

Pensar que é dona da verdade

E da absoluta razão

Talvez possa não saber

Qual a real impressão

Talvez, não esteja sempre pronto para ouvir,

Para perceber e sentir

A voz do teu coração

Fazer um barulho danado

E ser vazia por dentro

Não conseguir ordenar

A fala com o pensamento

Fica aos outros incomodando

Parece uma matraca falando

Palavras soltas ao vento

Saber ouvir, companheiros

É nota de excelência

O silêncio vale ouro

Usado com competência

Ouvir muito e falar pouco

Falar demais é para louco

Que não tem experiência

Demore a falar e ficar com raiva

Isto deve sempre lembrar

Não responda antes de ouvir

O que alguém lhe perguntar

Para não passar vergonha

E ficar com cerimônia

Deixe quem quiser falar.

Claudia Pinheiro
Enviado por Claudia Pinheiro em 11/02/2012
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