* A resistência *

Em meio a um campo

Um grande carvalho existia

E ao seu lado, um pé de cana

Que por acaso, ali crescia

Eram as únicas plantas dali

O carvalho orgulhoso de si

Humilhava a cana todo dia

Insultava-lhe dizendo:

- Como você é insignificante!

Nenhum pássaro pode em ti pousar

Você não é importante!

- É verdade. Nunca tive um ninho!

Mas não me importo nem um pouquinho

Sinto-me um retumbante!

Ouço o alegre cantar das aves

Que pousam sobre você,

E como somos vizinhos

Posso me favorecer

Seus ramos fortes e acolhedores

São os mais ricos construtores

De um lindo amanhecer!

- Sim, sou procurado por muitas espécies

Elas sabem que junto de mim

Estão salvas das tempestades,

Do vento e da chuva, enfim

Sou forte como uma montanha

Não é nenhuma façanha

E continuarei até o fim.

- Bem, meu caule é maleável

E também não temo o vento

Vou para onde ele quiser

Quando ele está violento

Dobro-me para todos os lados

Acompanho seu sopro pesado

Em todos os movimentos

Não corro o risco de ser quebrada,

Por uma grande ventania

Assim, elas se aturavam

E passavam-se os dias

A cana, convencida de seu valor

E o carvalho lhe achando um horror

Pois, não lhe tinha simpatia.

O carvalho a desprezava

Pois, considerava-se mais importante

Certa noite, em uma terrível tempestade

Derrubou-o num instante

Na completa escuridão

O vento parecia um furacão

E a cana bem relutante

Dobrava-a para todos os lados

Mas ela a resistia

Abaixava-se o máximo possível

Com muita categoria

Para não ser quebrada

Ficou no chão espichada

Até cessar a ventania

Quando tudo acabou

Estava cansada, da batalha com o vento

Permaneceu deitada no chão

Ali quietinha ao relento

Até que o dia clareasse

Tudo ao seu normal voltasse

Retornou o seu movimento

De manhã, ali estranhando

O silêncio dos passarinhos

Ela começou a se levantar

Com calma, devagarzinho

Voltando a posição vertical

Sentiu falta do principal

O seu único vizinho

E para sua surpresa,

Viu o carvalho tombado

Com as raízes em cima da terra

E todos os seus galhos quebrados

Sem ter forças para falar

Nunca mais ia reclamar

Só servia para ser queimado

Ás vezes em nossa vida

Desdenhamos tanto de alguém

Sentindo-nos bem mais fortes

Agimos assim também,

Como o carvalho agiu

E mal se sobressaiu

Viva em paz, pratique o bem!

Claudia Pinheiro
Enviado por Claudia Pinheiro em 17/02/2012
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