A SECA É UM TORMENTO MERECE SER ENFRENTADA (REPUBLICADA)

A mata mudou de cor

De verde ficou cinzenta

O Sertão não aguenta

Sofrendo, chora com dor

O vento com seu furor

Soprando tudo degrada

A poeira na estrada

Escurece o pensamento

A seca é um tormento

Merece ser enfrentada

A cantiga da cigarra

Anuncia tempos ruíns

Não chove nesses confins

Se chove o vento esbarra

O matuto olha a barra

As cinco da madrugada

Só se vê pela estrada

Lamúria e sofrimento

A seca é um tormento

Merece ser enfrentada

A pisada do vaqueiro

Estrala no mato seco

Os pedaços de esterco

Cobrindo o mato rasteiro

Já chega mês de Janeiro

A terra esturricada

Dura, nos pé dá furada

Deixando-os bem barrento

A seca é um tormento

Merece ser enfrentada

O porão já tá rachado

Traíra morre de sede

Gado no pé da parede

Sem água tudo enlamado

O cancão com seu piado

Acoa vaca amojada

Faz festa a urubuzada

Voando no firmamento

A seca é um tormento

Merece ser enfrentada

Na sombra do juazeiro

Junto com a d'oiticica

Ali é que o gado fica

Observando o vaqueiro

A ração é um facheiro

Junto com palma cortada

A fome é aliviada

Comem boi, vaca e jumento

A seca é um tormento

Merece ser enfrentada

Poeta de Branco
Enviado por Poeta de Branco em 03/03/2012
Código do texto: T3532426
Classificação de conteúdo: seguro