Honestidade: procura-se!

Uma linha, um sinal, uma pegada...

Que não parecia nada

Que talvez não suscitasse

Um bocejo distraído

Centelha sem alarido

Que a alguém preocupasse

Outro caso, outra vez...

Incômoda reincidência

Emergindo do normal

Tida como natural

Extrato da insensatez

Repetida irreverência

Outro acerto, outro conchavo....

Mais um crime concebido

Passos em falso no piso

Da decência presumida

Pacto tácito impreciso

Inocência maculada

Lavas na verdade ondulam

Sob o manto oficial

Ardendo e se contorcendo

Antes da explosão fatal

Que é apenas amena

O que seria total

É que a humana ambição

Não tem hora nem lugar

Na cidade e no grotão

No público e particular

Inunda toda a nação

E esconde quem praticar

Sob a capa civilizada

Por debaixo do ar de nobre

Com a conivência dos ricos

E a reverência dos pobres

Vive outra realidade:

Os que sabem que tudo pode

Falcatruas e trapaças

Fraudes e contravenções

Tocos, agrados que espalham

Sutilmente essas lições

Tanto que todos já sabem

E espertos fingem que não

Portanto é surpreendente

O espanto das pessoas

Diante do delinquente

Que está sempre numa boa

E é pego meio displicente

Num “roubinho” assim à toa