Por mais que perca o brilho Seu chão é o seu alento

Eu vi a seca da bruta

Vi chuva fina de tarde

Sol quente que até arde

A pele de quem labuta

Vi muita gente “batuta”

Que transforma o sofrimento

Da terra tira o alimento

E põe na mesa pro filho

Por mais que perca o brilho

Vi muito homem-menino

No lombo de um cavalo

Mãozinhas cheias de calo

Manchadas pelo destino

Gigantes, os pequeninos

Buscando lugar ao vento

Lutando feito um jumento

Colhendo feijão e milho

Por mais que perca o brilho

Seu chão é o seu alento.

Vi pasto seco e torrado

Também vi gado com sede

(Bahia não é só rede!)

Tem muito rosto queimado

Tem corpo quente e suado

Tem coisas sem cabimento

Vi coisas que nem agüento

Me põe pra fora do trilho

Por mais que perca o brilho

Seu chão é o seu alento.

Vi muita serra bonita

E serra sendo cortada

Pra dar lugar à estrada

Onde ninguém mais habita

Vi gente que corre e grita

Pra acalmar seu tormento

Açude secando, barrento

Que serve de água ao novilho

Por mais que perca o brilho

Seu chão é o seu alento.

Edilson Biol
Enviado por Edilson Biol em 16/04/2012
Reeditado em 05/06/2012
Código do texto: T3616030
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