O SILÊNCIO DA VIOLÊNCIA
O Silêncio da violência
A violência contra a mulher é uma afronta muito antiga
O homem chegando em casa querendo encher a barriga
Tratando a mulher da rua como se fosse princesa
Enquanto a mulher de casa aguenta sua malvadeza
A do lar uma rapariga, de cama, mesa e fogão
A da rua sua alteza, teatro, cinema e salão
Com direito a orgasmos, beijos e boa pensão
A do lar a ir à luta atrás de alimentação
Mas a mulher vai mudando, caladinha de atitude
Vai ganhando seu espaço
Vai mudando sua voz
Vai transformando aquele que mais parece um algoz
Sendo o mundo um moinho, como diz o poeta
A lei Maria da Penha não é a lei mais completa
E pra dar cabo da cor negra desta violência
Só sentindo a dor mais torpe pra cura dessa demência
Muitos loucos pelas ruas, pelas casas, sem remédio
Ocultando em suas faces os disfarces de seu tédio
Uns dizem é o governo o culpado disso tudo
Outros põem a culpa em Deus, que é o criador do mundo
A culpa é da educação!
É da falta de emprego!
É da globalização!
Da carência de um chamego!
Desse dinheiro escasso!
Da crise do tio sã!
É da falta de vergonha!
É do medo do amanhã!
É da falta de incentivo!
É da adulteração!
É da falta de diálogo!
É tema de discussão!
Em debate de filósofos
Em plena reunião
Numa mesa muito cheia
Que até dá em confusão
Ninguém chega a um consenso
Fica para outra sessão
O povo fica calado
E permanece caladinho
Pra que ele vai se meter?
Pra ficar estouradinho
Deixa pra quem quiser
Resolver essa questão
Esse problema no ENEM dá uma boa redação
Quem estiver incomodado
Que vá morar em plutão.
E todos vão para o estádio
Torcer pela Seleção
Esse problema é antigo
E mantido me parece
Só mesmo fazendo reza
Reza forte, muita prece
Parece que o povo gosta
De toda essa confusão
Isso é um prato cheio
Tempero de eleição
Deixa eu ficar no meu canto
E findar a inspiração
Correr pro maracanã
Que hoje é dia do mengão
Mengo!
Mengo!
Uma vez flamengo...
...E sonhar que tudo acabe
Com o voto que me cabe
Num lindo dia de sol
De futebol e eleição
Carlinhos Real