A SAGA DAS CUECAS

A SAGA DAS CUECAS

Jorge Linhaça

Dependurei as cuecas,

na cordinha meu varal,

mas as gurias sapecas,

filhas do seu juvenal,

lideradas pela Zefa,

me aprontaram geral.

as cueca elas roubaram

pra brincar de carnaval

e numa vara espetaram

correrum pro canavial

o estandarte improvisaram

da porta-bandeira surreal.

a roupa dependurada

assim solta no vento

era assim muito rodada

e minha buzanfa ao relento

já tava inté gelada

veja só o que aguento !

Fui falá com o Juvenal

que caiu na gargalhada

- Ocê num leve a mal,

essa peça da gurizada

é tempo de carnaval

e elas tão arretada!

-Mas Juvenal meu cumpadi

veja minha situação,

o vento vem e invade.

onde num devia ir não

e minha cueca amada

virou foi pano de chão

-Num se aperreie amigo

isso inté ispanta o calô

ouça bem o que te digo

outra cueca eu lhe dô

pra num fica no desabrigo

aquilo que lhe tem valô.

Inté pru que num tem jeito

a antiga já tá perdida

e o que ta feito ta feito

mas num há de ficar ferida

aberta dentro do peito

de uma amizade tão antiga.

E as guria deixe comigo

que num hão de me escapá

vão receber o castigo

pra aprendê a não roubá

as cueca du meu amigo

mó de ir lá longe reiná.