Um amor de cordel

É assim que eu começo

Escrevendo essa história

De tristeza e vitória

E de outras coisas também,

O que na vida acontece

E a gente nunca esquece

É o amor que a gente tem.

O amor é um dom divino

Que humanos inventaram

E depois se apaixonaram

E inventaram a paixão,

Mário Nino se apaixonou

A paixão e o amor

Guardou em seu coração

Reprimindo esse amor

Era assim que ele vivia,

Era o que ele fazia

Sofria sem explicação,

Amava aquela moça bonita

Que se chamava Anita

A dona do seu coração

Numa festa que ele foi

A que jamais esqueceu

Anita ele conheceu

E logo soube o que é amar,

A ela ele se entregou

Falou de romance e amor

E já pensava em casar

Nem sabia quem era ela

Também não quis saber

O que queria era viver

Aquele belo momento,

Sem se importar com nada

Pensando na sua amada

Esquecendo o sofrimento

Só que Anita era filha

De um grande valentão

Que assustava a população

Com a sua tal coragem,

Em nenhuma briga faltava

E a qualquer hora matava

Sem nenhuma piedade

Dó Canhoto era o nome

Desse cara não contente

Dessa fera quase gente

Desse homem quase fera,

A filha, sozinho criou

Com carinho e amor

E educação deu a ela

Amava muito sua filha,

Pois a esposa perdeu

Muita nova ela morreu

Deixando somente Anita

Aquela pequena menina

Não dona da sua sina,

Porém muito bonita.

E Dó Canhoto era temido

Por causa da profissão

Pistoleiro era a sua ocupação

Matava sem perguntar,

Fazia isso por dinheiro

E se tornou fazendeiro,

Mas não parou de matar.

Porém, sua filha Anita

Nada disso sabia

Não via o que o pai fazia,

Pois ele não aceitava,

Que ela ficasse sabendo

Que tinha gente morrendo

Pra ela ter o que precisava.

Vamos então saber

Como a mãe de Anita morreu

Como foi que sucedeu

Esse terrível assassinato,

Sim, alguém a assassinou

Jurandir Nino a matou

Por causa de um boato.

Mercedes a mãe de Anita

Do boato não sabia

Isso ela não merecia,

Mas ele nem quis saber,

Só falava em matar

Dizendo se vingar

Do que fizeram acontecer

Esse tal acontecimento

Uma suposta traição

Uma nova paixão

Que teria sua esposa,

E Mercedes era culpada

Por conduzir sua amada

Ao amante Zé Raposa

A coitada de Mercedes

Nem Zé Raposa conhecia

De nada ela sabia

Só que ele não acreditou,

E sem nenhuma compaixão

Matou Mercedes e então

Pouco depois se matou

E aquela tal viúva

Que era sua esposa

Fugiu com Zé Raposa

Deixando o filho sozinho,

O menino a vizinha pegou

E como filho criou

Dando-lhe muito carinho.

Foi a partir daí que

Dó Canhoto virou

Um cara sem amor

Um matador profissional,

Jurou sobre sua amada

Que ela seria vingada

Que ele mataria a Val.

Porém, a Val e o Zé

Ninguém mais os viram

No mundo os dois sumiram

Sem deixar nem endereço,

E para criar coragem

Dó entrou na pistolagem

Matando por seu preço.

Agora que você conhece

Um pouco da situação

Vamos voltar à paixão

Falar do jovem apaixonado,

Que só vivia a pensar

Pensava no que falar

Para o seu anjo encantado.

Ele descobriu que Anita

Numa fazenda morava

E que longe não ficava

Da sua humilde morada,

Decidiu mesmo sem tenda

Ir até a tal fazenda

Para ver a sua amada

A caminho da fazenda

Não sabia o que pensar

No que pudesse falar

Para ela entender,

Que ele a amava de verdade

E que morria de saudade

E de amor estava a padecer.

Como o pensamento distante

De longe ele avistou

Uma coisa parecia terror

Um cara o outro matando,

De mão a uma pistola

Deu três tiros sem demora

E depois foi se mandando,

Mário Nino ao ver aquilo

Prestou muita atenção

E viu que era o valentão

O que a todos assustava,

Mário ficou preocupado

E também muito assustado

Pensando se aquilo contava

Durante todo o caminho

Em que estava andando

Só naquilo ia pensando

Sem saber o que fazer,

Pensava a todos contar

Pensava também se calar

E decidiu nada dizer.

Pensava em Anita

Que ali próximo morava

Aquilo lhe assustava

Temia por sua amada,

Tinha medo que o valentão

Matasse a sua paixão

E ficasse tudo por nada.

Com o pensamento aflito

Na fazenda ele chegou

Anita logo se alegrou

Com a presença do amado,

Cumprimentou-o ao chegar

Convidou pra se sentar

Naquele banco ao seu lado

Ao ver Anita contente

Mário nem quis saber

Daquilo que acabara de ver

E logo se abraçaram,

Um abraço de emoção

E pra acelerar o coração

Pouco depois se beijaram

Foi um beijo de paixão

Que Mário não esperava

Aquilo lhe emocionava

Disparava seu coração,

Era um beijo de amor

Cheio de carinho e calor

Que lhe trazia emoção.

Um dia maravilhoso

Que acabava de terminar

Eles tinham que se deixar,

Pois Mário tinha que ir,

Precisava voltar à cidade

E já morrendo de saudade

Despediu-se a sorrir.

Ao voltar para casa

Mário estava contente

Foi quando de repente

Encontrou o valentão,

Suas pernas logo tremeram

Seus órgãos quase padeceram

Ao receber a cumprimentação

O valentão disse a ele:

- Como vai jovem rapaz?

O que é que você faz

Essas horas nessa estrada?

Mário assim respondeu:

- Meu patrão desculpa eu

É que fui ver minha amada!

O valentão lhe acenou

Com o jeito muito ativo

Deu sinal de positivo

E depois se mandou,

Mário ainda tremendo

De medo quase morrendo

Da testa, o suor enxugou.

A caminho de sua casa

Mário foi esquecendo

Todo o medo foi perdendo,

Pois ele tinha que esquecer

Todo o medo que sentiu

Aquela morte que ele viu

Não podia mesmo dizer.

Ao chegar a sua casa

Dó canhoto encontrou

Sua filha, seu amor.

Que parecia contente,

Sem saber o porquê

E até mesmo sem querer

A chamou de inocente

Anita abraçou seu pai

E saiu para o rio

E mesmo com aquele frio

Decidiu ir mergulhar,

Vai sorrindo com o vento

Ouve plantos e lamentos

E sai correndo para lá

Vai então até a casa

Para ver o que era aquilo

Ver uma mulher e seu filho

Chorando sobre o defunto,

Aos plantos todos estavam

E do assassinato falavam,

Era esse o assunto.

O homem ali morto

Era o seu Juvenal

Um velho cara de pau

Marido de dona Abigail,

Pai do menino Benedito

Irmão do nego expedito

E de Antônio era tio

Benedito sempre chorando

Fazia um juramento

Jurava naquele momento

A morte de seu pai vingar,

Aquele pobre menino

Jurava matar o assassino

Passe o tempo que passar.

Anita ao ver aquilo

Ficou muito assustada

E saiu em disparada

Foi o seu pai avisar,

Chegando tudo a ele contou

E ele se assustou

E foi correndo pra lá.

Dó ofereceu sua ajuda

Ao filho do finado

E mesmo apavorado

Ajudou toda a família,

Mesmo não sendo seu mundo

Ajudou a mulher do defunto

Pra proteger sua filha.

Mário Nino ficou sabendo

Do que havia acontecido

Ficou um pouco entristecido

Com aquele acontecimento,

Resolveu ir até lá

E Anita foi encontrar

E mostra seu sentimento,

Pegou todas suas tralhas

E para a fazenda viajou

E logo no seu destino chegou

E com a situação ficou assustado,

Encontrou na casa o valentão

Ficou de coração na mão

Ao ver Anita ao seu lado.

Ela se aproximou dele

E disse: - Esse é meu pai

De casa hoje ele não sai,

Pois precisa ficar aqui,

Eu não quero ficar sozinha

A atenção dele hoje é minha

Eu não o deixarei sair

Dó Canhoto olhou Mário

E ao mesmo tempo falando:

- Nós já nos encontramos

Só não fomos apresentados,

Conheci-o no caminho

Estava viajando sozinho

Aqui mesmo pra esses lados.

Disse Anita: - Então,

Eu vou a você apresentar

Não tenho muito a falar

Papai esse menino,

Mário Nino é como se chama

É o homem que me ama

E me deu muito carinho

Dó Canhoto meio tenso

Perguntou muito assustado:

- Ele é seu namorado?

Responda-me sem demora,

Anita disse que sim

E ele respondeu ponha um fim,

Pois Mário daqui vai embora.

Mário Nino já com medo

Nem esperou a despedida

Temendo perder sua vida

Foi embora já correndo,

Anita gritou ao vê-lo sair

Pediu pra ele não ir,

Mas ele corria tremendo.

Dó Canhoto então falou

Daquela triste situação

Contou pra ela a razão

Falou da mãe dela que morreu,

Disse ter sido o pai de Nino

Foi o pai daquele menino

Que separou ela e eu

Anita ficou apavorada

E a historia não aceitou

Foi atrás do seu amor

Foi Mário Nino encontrar,

E contou tudo pra ele

Tudo que seu pai falou dele

Ela a ele foi contar

Mário Nino ficou surpreso

Como qualquer um de vocês

Fez a cara que você fez

E foi a sua mãe perguntar,

E sua mãe não hesitou

E tudo a ele contou

O coitado pôs-se a chorar.

Anita saiu correndo

E a Mário Nino xingando

E ele ficou olhando

Ela gritar desesperada,

- Malditos sejam os “Ninos”

Esse bando de assassinos

Que mataram minha mãe amada

Mário não esperou

E atrás dela foi, e então

Encontrou o valentão

Que zangado lhe falou:

- Seu pai acabou com uma família

Fique longe da minha filha

E esqueça esse tal amor.

Desesperado e abatido

Voltou pra casa chorando

E em Anita pensando

Sem saber o que fazer,

Não sabia o que fazia

Nada daquilo entendia

Nem queria entender

Passou então a viver

De choro e lamentações

Não tinha mais emoções

Sua vida estava perdida,

Pensava em viver sua paixão,

Mas tinha o tal valentão

Que lhe ameaçava a vida.

Anita amava Mário,

Mas não podia aceitar

Que pudesse se casar

Com um filho de assassino,

Decidiu namorar Benedito

Aquele menino perdido

E tão diferente de Nino.

Dó Canhoto Aprovou

O namoro da menina

Que seguia uma sina

De não viver seu amor,

Mas Dó estava contente

Por vê-la longe daquela gente

Que a sua mulher assassinou.

Enquanto tudo isso acontecia

Mário vivia como indigente

Sentia-se impotente

Por não manter sua relação,

Acreditava vê-la um dia

E ele não a esquecia

Vivia sozinho a paixão.

Foi através de Benedito

Que Mário ficou sabendo

Do que estava acontecendo

Com Benedito e Anita,

Os dois foram se apaixonando

E estavam namorando

Era o fim daquela historia bonita.

Muito triste e perdido

Foi assim que Nino Ficou

Perdeu o seu amor

E não tinha o que fazer,

Ela ama o cidadão

Tem o apoio do valentão

Não tem pra onde correr,

Foi então que ele lembrou

Que viu o tal valentão

Naquela estranha situação

Matando o tal Juvenal,

Decidiu com aquilo acabar

E foi a Anita contar

Aquela historia do tal.

Foi ao encontro de Anita

Naquele clima tão frio

Sentada a beira do rio

Olhando o roseiral,

Ele dela se aproximou

E na lata assim contou:

- Seu pai matou Juvenal!

Com o susto da notícia

Eles nem puderam ver

Que tinha alguém a se esconder

E toda a conversa escutando,

E Mário aproximou-se medroso

Ela a chamou de mentiroso

E já foi se afastando.

Saiu correndo pra casa

E logo três tiros ouviu

E em casa ela viu

Seu pai caído morrendo,

Alguém correndo saia

E muito barulho fazia

Ela viu Benedito correndo.

Ele havia ouvido a conversa

E já com esperança

De concretar sua vingança

Foi a Dó Canhoto matar,

E chegou lá e atirou

E depois foi que falou

Que vinha seu pai vingar,

Benedito sem demora fugiu

E Dó Canhoto ali morreu

Anita também sofreu

Ficando no mundo sozinha,

Porém Mário não a deixou

E a ofereceu seu amor

E sua paixão junta vinha.

Mesmo com a dor

De perder o seu pai

Da fazenda ela não sai

Decidiu ali mesmo morar,

Dividindo com Mário

Sua casa, seu armário.

Até mesmo o respirar,

Mas a paz não era

Para a vida inteira

Havia também a poeira

Que não tinha baixado,

Benedito voltou à cidade

Dizia está com saudade

Por Anita apaixonado

Sabendo disso, Anita

Sem demora partiu

Foi encontrar ele no rio

Como ele mesmo queria,

Deu dois tiros no safado

Depois olhou ele afogado

Enquanto ele morria.

Mesmo ela não querendo

Não escondia a vocação

Não negava a geração

Sua sina era matar,

Mas não era pistoleira

Ela era uma justiceira

Que veio bem a “acalhar”.

Diferente de seu pai

De nada se escondia

Mário também sabia

Do que ela vivia a fazer,

E mesmo com medo e pavor

Acompanhava seu amor

No seu duro dever.

Anita e Mário se casaram

E então Natan Nasceu

Um filho que apareceu

E com ele a felicidade,

Foi grande a emoção

O fruto de uma paixão

E o fim de uma inimizade

Não me pergunte amigo

Se foram felizes para sempre

Ou se vivem todos contentes

Por que não sei responder,

O que posso aqui falar

E que eles podem enfrentar

O que na vida aparecer

Aqui eu paro de contar,

Pois a história não tem fim

Não ponha a culpa em mim

Por não seguir a historia contando,

Não se irrite com a situação

Use sua imaginação

E continue na historia pensando...

Uma história nunca tem fim, apenas recomeço.

Nilson Rutizat
Enviado por Nilson Rutizat em 17/06/2012
Reeditado em 05/01/2015
Código do texto: T3729195
Classificação de conteúdo: seguro
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