29 O TRONCO DE SAPUCAIA (Dez dias numa montanha)
01 Depois do filme do tempo
Por mim ali assistido
No qual me lembrei de Roberto
Que não foi um bom amigo
Passamos a outra cena
Duma árvore em tempo ido!
02 A tela me fez lembrar
De uma antiga sapucaia,
Um tronco seco de árvore,
De altura sem iguala,
Descrito num livro meu
Literatura sem raia.
03 Pelo que fiquei sabendo
Quiseram fazer carvão,
Com aquele tronco seco
Mas tiveram decepção,
Pois ele estava oco,
E virou pó no tombão!
04 – Viram que do interior
Do tal tronco que caiu,
Saíram centenas de morcegos
Coisa ninguém nunca viu,
Moravam dentro do tronco
Que muitos anos existiu.
05 – Fiquei triste na lembrança
Projetadas pelo menino,
Pois quando eu vi a árvore
Ela entrou em meu destino,
Pude escrever palavras
Daquele tronco altino!
06 – Confesso que a melancolia
Tornou minha alma triste,
Pois que nunca mais veria
Aquele tronco em riste,
Apontando para o céu
Atestando que Deus existe!
07– Ah! Tronco de sapucaia!
Que nem mesmo tinha galhos!
Porém você era a casa
Dos morcegos em agasalho,
Sendo criaturas de Deus
Pra fazer algum trabalho!
08– Ai de nós se não fossem eles
Que os insetos consomem.
O mundo já teria acabado
E com ele todo o homem,
Já que as pragas seriam tantas
Trazendo doença e fome!
09– Mas o mundo é assim mesmo
Tudo vai tendo mudanças,
Mas confesso que aquele tronco
Me fazia ser criança,
Quando nele eu pensava
Eu tinha mais esperança!
10– Oh! querida sapucaia
Sei que fostes árvore bela,
Sua altura impressionante
Da mata era uma aquarela,
Mas digo que sua lembrança
Há de ser minha seqüela!
11 – Aos morcegos que morreram
Com seu término fatal,
Dedico este versinho
Como um ode triunfal,
Pois deixaram este mundo
Ficando livres do mal!
12– Ao ver as tristes cenas
De meus olhos caiu pranto,
Ao me lembrar da floresta
Que não tem mais seu encanto
Nem mesmo os troncos secos
Existem naqueles cantos!