"VÍCIO FULMINANTE"

QUANDO EU ERA FUMANTE!

Quando eu era fumante,

Deus do céu como eu fedia.

Nenhum banho de perfume

Podia me dar alegria.

Era um cheiro de gambá

Que sempre me perseguia...

O “halls” ou pasta de dente

De nada me adiantava.

Quanto mais doce comia

Aí então mais fumava.

Amigos falavam: sai fora,

Mulher de mim se afastava...

Balinha, cravo e canela,

Só me faziam gastar.

Comprava quilos de bala,

Tentando parar de fumar.

O vício só aumentava,

Buscando assim me matar...

Queria de qualquer jeito

Livrar-me do vício maldito.

Gergelim, bala de mel,

Castanha, caju, pirulito.

Por fim e já triste dizia:

Com esse cigarro tô frito...

Quantas vezes levantei,

No meio da madrugada,

Pra acender o cilindro

E dar uma bela tragada.

Eu era uma chaminé,

Poluída e maltratada...

Nem macumba dava jeito,

Cigarro pra mim era mel.

Mas os pulmões reclamavam,

Com eles eu era cruel.

Faltava-me disposição

Até pra ir num motel...

Olhando-me no espelho

Eu era um ET amarelo.

Estava igual um palito,

Pele e osso, bem magrelo.

Meus dedos viviam pretos,

Igualzinho o Grande Otelo...

O bigode nem se fala

Igualzinho ao açafrão.

Eu tinha vergonha de mim

Nem mostrava minha mão.

As unhas viviam imundas

Por causa do alcatrão...

Sentia-me assim um trapo,

Sem nenhuma disposição.

A vida não tinha graça,

Meu mundo era televisão.

Nada mais me alegrava

Me tornei um zumbizão...

Sem barriga e bochecha.

Deveras me tornei faquir.

Até o pescoço afinou,

Garganta querendo entupir.

Tinha uma cor esquisita

Minha vida era só tossir...

Também vivia cansado,

Num tremendo paradão.

Esporte então, nem pensar,

Morrendo ia meu pulmão.

A nicotina é malvada,

Destrói qualquer cidadão...

De nada sentia falta,

Somente do tal cigarro.

Se eu ficasse sem ele

Corria logo pro carro.

Se não achasse o maldito,

Capaz fumasse até barro...

Eram três maços por dia,

De nicotina e alcatrão.

Dinheiro jogado fora,

Jamais voltou á minha mão.

Como fui tolo, idiota,

Podia ter ido ao caixão...

Pensava muito na vida.

Estava me destruindo.

Mas como queria viver,

As doses fui diminuindo.

Baixei então pra dois maços,

Luz no túnel vi surgindo...

Chegar então á um maço

Era tudo que queria.

Talvez dali pra largar

Quem sabe mais fácil seria?

De tudo então eu tentava,

Quem disse que conseguia?...

Mas em noite de lua cheia,

Comprei um pacote fechado.

Levei o danado pra casa

E lhe disse: desgraçado,

Não vais acabar comigo,

Eu vou te deixar de lado...

Nem mesmo abri o pacote

E ali na estante o deixei.

Nunca mais em minha vida

Do tal cilindro fumei,

E lá se vão muitos anos

Que fiz disso a minha lei...

Pro vício do tal cigarro

Não existe medicação.

O cabra tem que ser forte,

E ter bastante opinião.

Só assim ele se salva,

Desse assassino e vilão...

Ele existe pra matar,

Acabar com tua vida,

Deixando tristezas e dores,

Câncer de pulmão a ferida.

Mas eu venci esse vicio.

Nunca mais lhe dou guarida...

Hoje sou um outro homem

E ao meu filho imitando.

Sorrindo e puxando ferro,

Um “Body Building” virando.

Aguarde-me Paulo Jorge

Teu “Véi” tá se preparando!

F I M

Paulada
Enviado por Paulada em 28/08/2012
Reeditado em 25/12/2013
Código do texto: T3854236
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