O TREM DA PROSPERIDADE VAI VOLTAR PRA MOSSORÓ.

O TREM DA PROSPERIDADE

VAI VOLTAR PRA MOSSORÓ.

I

Mossoró cidade quente

Regada em águas termais

Quem bebeu dessa vertente

Não se esquecerá jamais.

II

Eu me criei nesse clima

De sol equatorial

Tendo o rio por piscina

Para o banho matinal

III

Pesquei nele camarão

Siri, pitu, jacundá

Tucunaré, aniquim

Cangati, piau, cará

IV

Nas barragens de máximino

Badú, Formiga ou Genésio

Quando o sol estava a pino

Refratava o magnésio.

V

Recordo o dia na feira

Beco, ou mercado central

Era fartura seleira

Um grande manancial

VI

Tinha caju, canjarana

Muito feijão macassá

Garapa, caldo de cana

Tôcim, ungú, muncunzá

VII

As rapaduras batidas

Tapiocas, queijo e grude

Leite da vaca parida

Bucho cheio com saúde

VIII

O pirão de mão de vaca

Feitos pelo meu avô

Doce e cocada de jaca

Tutano de corredor.

IX

Isso me fortaleceu

E eu guardei na memória

O tempo do apogeu

Vivido na sua história

X

Do sal com grandes industrias

Gesso, acal pra construção

Fundições e siderúrgicas

Comercio e navegação

XI

Através do Porto Franco

Se escoava a produção

Muito dinheiro três bancos

E linhas de avião

XII

A cera de carnaúba

Oiticica e algodão

Óleo, mel e tecelagem

Pronto para exportação

XIII

Contei muito os vagões

Do nosso trem a passar

Saindo desse sertão

Pra no sul desembarcar

XIV

Levando as nossas riquezas

E nos trazendo as divisas

Mostrando assim as grandezas

Das vitórias não concisas.

XV

Mas o maior patrimônio

Da cidade era o povo

Homens que são um sinônimo

De herói, para o mais novo

XVI

Pois, amavam a Mossoró

Com uma chama ardente

Defendiam-na até o pó

Com garras, unhas e dente

XVII

Não quero citar ninguém

Pra não fazer injustiça

Um homem valia cem

Em combate na “miliça”.

XVIII

Porém, aqui tudo passa

Também o tempo passou

O velho ficou na praça

O novo não vigiou.

XIX

Sou filho dessa cidade

Barro amassado do chão

Com muita fidelidade

A guardo no coração

XX

E por amar como a amo

Hoje escrevo estes cordéis

Atenção agora eu chamo

Dos humildes aos coronéis!

XXI

Eu sou o profeta

Que nasceu aqui

Meu pai, o Poeta

Mamãe, Aldeni.

XXII

Ninguém me conhece

E quando me vê

Só diz: não parece

Eu não posso crer!

XXIII

Só vê esse corpo

Que nele eu habito

Olhando no rosto

E achando esquisito.

XXIV

É assim que vê o povo

De limitada visão

Um nanico, buchudinho

Pernas tortas, cabeção

XXV

Por serem epidermáticos

Esbarram nas aparências

Nos sentidos automáticos

Fazem suas referencias.

XXVI

Mas isso é outra questão

Que em muitos vai dá nó

Agora eu chamo atenção

Dos que amam Mossoró

XXVII

Que desejam a redenção

Para libertar o povo

Numa nova abolição

Alforriando-os de novo

XXVIII

Expurgando o atrasado

Para Mossoró crescer

Como era no passado

Todo mundo há de ver

XXIX

Pois voltaremos de novo

A tomar a direção

Sendo Mossoró do povo

Nossos filhos comeram

XXX

Mao de vaca com pirão

Comprada com seu dinheiro

Sem as feiras do engano

Dadas por politiqueiros

XXXI

Do bando da tradição

Pra se manter no poder

Fique esperto meu irmão

Vamos juntos combater

XXXII

O vermelho desbotado

Que vem sorrateiramente

Qual lampião disfarçado

Explorando a nossa gente

XXXIII

Roubando a dignidade

Dessa gente altaneira

Pra governar a cidade

Com a sua cabroeira

XXXIV

Fiquemos nós na trincheira

Que amamos esse torrão

Buscando a prosperidade

Pra nossa população

XXXV

Que sem querer passa fome

Porém não perdeu a fé

Mesmo que seu sobrenome

Seja um da Silva "quaiqué"

XXXVI

Joaquim, Pedro, ou Severino

E por isso é rejeitado

Mas sonha desde menino

Ver esse quadro mudado

Voltando o povo ao poder

Para Mossoró crescer

Como vimos no passado.

Fim.

José Lucena de Mossoró
Enviado por José Lucena de Mossoró em 29/08/2012
Reeditado em 07/11/2012
Código do texto: T3855499
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