CASA DE TAIPA.

Vão os dias vem o barro

Vai o sol e vem a lua.

Corre os dedos na argila

Bem moldados na mão nua

È de taipa a casinha

Construida em terra crua.

Os varais bem amarrados

São fincados sobre o chão

Esculpidos com o barro

Dando forma e função

Obra feita mais um quadro

Na paisagem do sertão.

Bem coberta bem querida

Dà abrigo e aconchego

É tão simples é tão terna

É tão puro o seu emprego

Tem o zelo da humildade

Tem afeto tem apego.

Bem em frente na chegada

Vasto terreiro ciscado de galinha

Um vira lata magro rabo fino

Se espreguiçando na terra quentinha

Pé de mastruz e erva cidreira

Beiram os lados da casa todinha.

Pela entrada da porta da sala

Pequeno vão é de chão batido

Uns tamboretes e uma mesa caduca

De um mobilhado pouco colorido

Fumaçando no portal rachado

Um candieiro velho encardido.

No lado da sala amontoa-se

Cabrestos, celas e gibão

Uma espingarda de caça

Alparcatas surradas no chão

E um fiador de pavios

Com seus fios de algodão.

Em uma banquinha coberta de chita

Repousa uma quartinha de água bem fria

São utensílios que ficam no quarto

Dando ao dono sua serventia

Nos armadores as redes armadas

Para o descanço da lida do dia.

Se ver adiante conchas e arupemas

Dependuradas de frente ao fogão

Em círculo canecos emborcados

Sobre uma tampa feita em latão.

E feito de um tronco escavado

Num canto um tosco pilão.

Na janelinha da pequena sala

Quatro jarrinhos enfeitam o hambiente

Bem coloridos com as flôres do mato

Chama a atençao de quem passa na frente

Está é a visão da casa de taipa

Feita de barro e tão inocente.

Ebenézer Lopes
Enviado por Ebenézer Lopes em 08/10/2012
Código do texto: T3922956
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