COMO PODE UM SUJEITO, SER DE FATO UM CIDADÃO.

COMO PODE UM SUJEITO,

SER DE FATO UM CIDADÃO.

I

Todo ano se promove

Aqui nessa freguesia

Um concurso literário

Que é uma mais valia

De uma festa que começa

No pingo do meio dia

II

Prosseguindo noite a dentro

No corredor cultural

No largo da estação

Em seu palco principal

Descendo pra cidadela

Vê-se um show de festival

III

De viola e repentistas

Com os artistas da terra

No patamar da igreja

Chove bala e o bode berra

Nos cabras de lampião

Onde a trupe lhes faz guerra

IV

Dentre as muitas atrações

Que se vê pela cidade

Está a feira do livro

Na terra da liberdade

Com o prêmio do cordel

Rico em literalidade

V

Desafiando os poetas

Sempre trás um tema bom

Facilitando nas rimas

Para aqueles que têm dom

Empolguei-me com o tema

Vou tentar tocar no tom

VI

Já que me deu um estalo

Que parece inspiração

Lembrei do velho Gullar

Que disse “chei” de razão

Que o estalo pra o poeta

Vem como uma ignição

VII

Virando o motor da mente

Diante da importância

Desse tema apresentado

Sem nem uma jactância

Competirei com gigantes

Qual Davi na tenra infância

VIII

Vou fazer como José

Nas terras do faraó

Ou talvez, qual Josué

Quando entrou em Jericó

Tocarei minhas trombetas

Pra conquistar Mossoró

IX

Pedirei ao pai das luzes

Um pouco de inspiração

Dele vem o Dom perfeito

Que não tem variação

Como disse São Tiago

Instruindo este pagão

X

Feito essa introdução

Vou agora entrar no tema

Eu não sou bom no riscado

Quando o caso é teorema

Mas na geografia humana

Está meu ecossistema

XI

Buscando lá subsídios

Pra responder à questão

Formulada pela banca

Dos doutores de plantão

Que perguntam aos poetas

“O que é ser Cidadão?”

XII

A pergunta deu-me um nó

No bestunto sem idéia

Visto que este matuto

É fraco em prosopopéia

Por ter brincado nas aulas

Do seu “prôf”, Arimatéia

XIII

O bom velho cabeção

Do Grupo Municipal

Que ensinava por dom

Em história ele era o tal

Foi mestre das normalistas

No colégio estadual

XIV

Sou um privilegiado

Pois gozo da atenção

Dele e de outros amigos

Que vivem dando plantão

Dispostos a responder

Qualquer uma indagação

XV

Entre um café e outro

Nas mesas do Bagdá

Ou mesmo na internet

Sei que eles vão está

Plugando o “chat” do grupo

Um responde: diga Lá?

XVI

Assim, entrando na fase

Que chamo investigação

Onde quer que eu chegasse

Fazia essa indagação

Meus amigos me respondam

O que é ser cidadão?

XVII

Parecendo até o Sócrates

Quando aos nobres inquiria

Acerca de qual dos homens

Possui mais sabedoria

Entre os seus contemporâneos

Achou muita hipocrisia

XVIII

Vendo que os sabichões

Viviam só de fachada

Quem dizia saber tudo

Não sabia era de nada

Eram como a catacumba

Quando por fora é caiada

XIX

Desse modo qual criança

Na idade dos porquês

Eu indagava nas ruas

Uma pessoa por vez

Douta ou ignorante

Fiz isso durante um mês

XX

Perguntei pra muita gente

O que é ser cidadão?

Uns diziam, é votar

Nos tempos da eleição

Outros diziam, é ser livre

Dos comandos do patrão

XXI

Foram muitas as respostas

Vez por outra uma descente

Mas muitos dos indagados

Ficou com raiva da gente

Por que a resposta exige

Um grande esforço da mente

XXII

Iniciando a pesquisa

Vi que o Sócrates tem razão

Quando preferiu morrer

Pois perdeu a condição

De não mais filosofar

Deixou de ser cidadão

XXIII

Contudo, como um poeta

Que escapou da prisão

Quando saiu da caverna

Das trevas da ilusão

Descreverei como penso

O que é ser cidadão

XXIV

Ser cidadão é ser livre

Como quem pode voar

Gozando da liberdade

De sair ou de entrar

Dela tendo a consciência

Para não se alienar

XXV

Ser cidadão é bem mais

Que votar numa eleição

Ser cidadão é ser Ético

Limpo de ficha e de mão

Como afirma o Salmo quinze

Fazendo uma acepção

XXVI

Cidadão é qualquer homem

Mesmo que seja um peão

Que consegue distinguir

Entre o chefe e um patrão

Entre o ser, e o está livre

Entre um Estado e Nação

XXVII

Sabendo que é preciso

Olhar com o coração

Para enxergar o próximo

Como sendo seu irmão

Mas quando o caso é direitos

Puxa a constituição

XXVIII

Combatendo vigilante

Para não ser engodado

Cônscio que os três poderes

Tem que ser fiscalizado

Pelo povo que é patrão

Que se faz representado

XXIX

Ser “patrão” não quer dizer

Que o sujeito é cidadão

Ser cidadão eu repito

Com muita convicção

É saber fazer o bem

Não só com peixe ou com pão

XXX

Mas ensinando a verdade

Como a principal lição

Para libertar os homens

Do julgo da servidão

Ficando livre o sujeito

Passa a ser um cidadão

XXXI

Sem o vício da ganância

Que produz corrupção

Pela vil concupiscência

Que brota no coração

Alienando o sujeito

Para não ser cidadão.

XXXII

Pareceu dura a lição?

Justiça, não é bondade!

Já dizia o Cabeção

Com muita propriedade

Quem vive só para o ter

Jamais chegará a ser

Um cidadão de verdade.

José Lucena de Mossoró
Enviado por José Lucena de Mossoró em 28/10/2012
Reeditado em 12/11/2012
Código do texto: T3956952
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