A FORMIGUINHA E A NEVE Versão em cordel/ Sírlia Sousa deLima

Certa manhã de inverno

Uma formiga foi trabalhar

Procurava seu sustento

Para se alimentar

Já estava muito longe

Sem nada encontrar

A formiga andou tanto

Pobrezinha, se cansou

E um bloco de neve

Por cima dela desabou

Prendeu o seu pezinho

E ela não mais andou

A formiga sentiu

Uma enorme aflição

Pediu ajuda ao sol

Toda cheia de emoção

O sol indiferente

Não estendeu a sua mão

Sol, tu que és tão forte,

Faz a neve derreter

Com o teu calor

Vem meu pezinho desprender

Ao fazer o bem

Tu não vais te arrepender

O sol impiedoso

Não tardou a responder

Mas forte do que eu é o muro

Que te impede de me ver

Peça ajuda ao muro

Para ele interceder

Desesperada a formiga

Começou logo a dizer

Muro mais forte que o sol

Que nos impede de ver

Desprende meu pezinho

Alivia o meu sofrer

Oh Muro que tapas o sol

Que derrete a neve

Desprende meu pezinho

Não deixe que o frio me leve

Sem a sua ajuda

Morrerei dentro em breve!

O muro endurecido

Logo respondeu

Mas forte é o rato

Que ao muro roeu

Peça ajuda a ele

É mais forte do que eu

A formiga atormentada

Viu um rato apressado

Que fugia do frio

Um tanto desesperado

Procurava um abrigo

Para não morrer congelado

A formiga disse ao rato

Para que você se eleve

Venha me ajudar

Você que tapa o sol que derrete a neve

Desprende meu pezinho

Que já não está mais leve

O rato apressado respondeu

Peça ajuda ao gato

Que é mais forte

Ele come o rato

Vou ter que fugir

Ou ele me devora de fato

A formiguinha viu o gato

E a ele foi dizer

Gato, ser tão forte que come o rato

Vem a minha perninha desprender

Mais forte que o rato que o muro e o sol

Vinde me socorrer!

O preguiçoso gato

Veio logo argüir

Mais forte do que eu é o cão

Que vive a me perseguir

Desolada, a formiguinha

Estava quase, a desistir

A formiga chorosa e aflita

De mansinho, suplicou ao cão

Cão, tu que és mais forte que o gato

Que o rato, que o muro, que o sol na amplidão

Desprende meu pezinho

Ou faleço aqui no chão

Ao lado da raposa, respondeu o cão

Mais forte que eu é o homem que me bate

Quase sem forças a formiga implorou

Ajude-me nesse combate

Venha me socorrer

Não cometa disparate

Tu és mais forte que o cão

Que o gato, que o rato, que o muro

Que o sol, leve-me a um abrigo seguro

Não vou poder te ajudar

Peça ajuda a morte, sou fraco e impuro

Disse o homem com o coração duro

Trêmula de medo da morte

A formiga insistiu

Morte tu que matas o homem

O cão, o gato, o rato, o muro, e tudo o que ruiu

Desprende meu a pezinho

A formiga lhe pediu

Mais forte do que eu

É Deus que me governa

Só ele comanda tudo

Dá-nos salvação eterna

A formiga já tão fraca

Já que ela não hiberna

Quase morta a formiga

Rezou bem baixinho

Deus que governa o mundo

Vem e desprende o meu pezinho

Tu que vence o homem, o cão, o gato, o muro e o sol

Preciso de ti, do teu carinho

Deus que ouve todas as preces

Cuidou de desprender

O pezinho da formiga

E fez ela se erguer

Pegou-a em suas mãos

Para a ela aquecer

Estendeu as mãos

O provedor de tudo

Fez descer a Terra

Em seu carro de veludo

A primavera com mil flores

E um gramado bem felpudo

Deus tirou a formiguinha

Do inverno gelado

E levou a formiguinha

Para um lugar encantado

Onde existem muitas flores

E o sol brilha um bocado

Sírlia Lima
Enviado por Sírlia Lima em 04/11/2012
Código do texto: T3968386
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