Nordestino sempre na luta

Sou poeta lá da roça

Meu nome é nordestino

Canto por todos os lados

A lida é minha sina

Vivo na labuta diária

Acordo sempre cedinho

Amolo a foice e o facão

Monto-me no meu jumento

Faço da vida meu tempo

Corro atrás do alimento.

Toda dia ao sol raiar

A lida é minha conduta

Conduzindo ao pão da fome

É certo a minha labuta

Com os olhos cheios d'água

Olhando a triste sina

Dos filhos que aqui vive

Trabalhando no sol quente

Muitas vezes sem água

Sem uma colher de farinha

Apenas com a coragem

Para não morrer na estrada.

Nessa vida árdua e árida

Vejo os jovens sem esperança

Sonhando com a boa vida

Que ver na televisão

Sonhando com uma casa

Com um carro e um terreno

Vão embora do sertão

Sem destino estabelecido

Caí no mundo de Deus

Sem saber ler ou escrever

Vão trabalhar na metrópole

Sonhando além do horizonte..

Com as mãos calejadas

Da enxada e do facão

Tenho em mim toda esperança

Tenho um grande coração

E com olhos abertos

Sigo rumo ao sertão

Rezando para nossos filhos

Terem um futuro decente.

A vida de nordestino

É lida de ida e volta

Todo dia é trabalho

Debaixo do sol à queimar

Produzindo o pão ao filhos

Sorrindo pra não chorar.

Mais aqui também é bom

Tem festas boas

Com alegria e mesa farta

Os amigos reunidos

Dançando lá no galpão

Celebrando sorridentes

A vida e as poucas bençãos.

O nordeste é terra árida

Terra de gente humilde e verdadeira

Aqui pousa a alegria

O candomblé a capoeira

Terra de bumba-meu-boi

Festejando morte e ressureição

Na Capital São Luís do Maranhão.

As lágrimas estão molhando

O palco e o salão

Verdades em faces duras

Verdades de sofrimento

Dos que vivem entre mágoas

Dos que vivem entre tormentos.

Mais eu rezo ao Deus celeste

Que olhe por tanta gente

Que os dias que virão

Sejam dias mais amenos

Que as mazelas sociais

Fiquem apenas na lembrança

Que esse povo guerreiro

Ensaiem uma nova dança

Que os filhos desta terra

Tenha na vida esperança

Celebrem a prosperidade

Celebrem de peito cheio

As mudança na educação

Que cada criança pobre

Tenha na mesa café e pão

E assim seguiremos juntos

Com livros e cadernos na mãos.