Cordel de 67 - Homem/Nação

67 ao chegar ao mundo

E berrar por uma jornada

De berçário

Colo

Mãe

Berço

Chupeta

E fralda encharcada

Um olhar meio perdido

De quem enxerga

E não entende nada

Só o cochicho

Faz-se conhecido

Quando o sono chega

E alguém embala

67 era um anúncio

Uma véspera

Uma temporada

Da dureza que se alastraria

Sobre a vida,

Sendo a morte

E a justiça

Sendo encarcerada

Uma nação combalida

Com tiros e bordoadas

Por elementos fardados

E projetos de fachada

Representação da truculência

A serviço da violência

E de uma bandeira tão manchada

67 era um prenúncio

De um sofrer com esperança

Para o mundo, para a nação

Para aquela frágil criança

Um sofrer de soerguimento

De vitória e sentimentos

De quem não para, só avança

Um futuro de trabalho

Era o que se esperava

Trabalho de remendar dores

Feridas escancaradas

Mas a poesia em tom maior

E um bordão brilho de sol

Seria história cantada