Ascensão, apogeu, declínio e queda de uma paixão

Hoje em dia um rapaz

não deseja ter família,

ser fiel a uma esposa,

educar filho ou filha

Diz até que casamento

é um fardo sem rodilha

Um amigo que casou

ele olha com desdém

Sua vida é uma festa,

a balada é seu harém

Pensa até que liberdade

só quem é solteiro tem

A viver sem compromisso

já está acostumado

mas um dia experimenta

um poder inusitado

Numa troca de olhares

ele fica apaixonado

Os amigos apresentam

a mulher especial

Ele entra na conversa

com assunto trivial

repetindo para ela

a cantada mais banal

A mulher que ele quer

joga com a sedução,

finge até desinteresse,

faz comer em sua mão

É ali que ele conhece

os arroubos da paixão

Começando o namoro

seu tormento é completo,

fica noites sem dormir,

passa o dia inquieto,

conhecendo uma lei

que vigora sem ter veto

Ele diz para os amigos,

mesmo para quem duvida,

que agora encontrou

a mulher da sua vida

pois em antes e depois

sua história é dividida

O sujeito apaixonado

muda até sua rotina

pra estar com a mulher

que lhe ama e alucina

Nessa mente obsessiva

já circula a dopamina

Quando pensa em declarar

tudo o que por ela sente

bota uma faixa na rua:

-Vou te amar eternamente!

como prova desse amor

de paixão entorpecente

Os seus nomes no umbú

ele escreve a canivete

Quando estão no celular

para ela se derrete

Manda flores e bombons

ou e-mail pela net

Ele troca de emprego,

muda pra outra cidade,

pra ficar mais perto dela

e abrandar sua saudade

pois só na sua presença

é que tem felicidade

Cego por essa mulher

pensa nela todo instante

Gasta tudo o que tem

pra comprar um diamante

e lhe dar como presente

que ela aceita radiante

Mas um dia ele descobre

que na trama tinha três

Ela toma a decisão

de voltar para seu ex

e o que sentia por ele

nega de uma só vez

Não querendo aceitar

ele começa a beber

Fala de língua enrolada

sem ninguém lhe entender

Quando fala da amada

dá risadas sem querer

Ele diz que quando bebe

sabe a hora de parar,

divertindo os amigos

que estão naquele bar

Diz que é só a paixão

que lhe pode embriagar

E tomando outros goles

aos amigos ele diz

que ele é o bom partido

mais querido do país

Só não entende por que

sua amada não lhe quis

Paga mais uma rodada

para quem está na mesa

Dizendo ser o mais rico

vai ficar com a despesa

mas só fala na mulher

que não quis sua riqueza

Com mais doses de bebida

vai ficando mais valente

Diz que bate em qualquer um

que esteja ali presente

se falar dessa mulher

que deixou-lhe de repente

Ele xinga os clientes

que estão naquele bar

Os amigos que ele tem

fazem ele se calar

E lembrando da mulher

ele começa a chorar

É levado para a casa

por amigos carregado

perguntando o motivo

de ter sido rejeitado

e adormece na varanda

num tapete estirado

Acordando já nem lembra

das bobagens que ele fez

Na ressaca só recorda

que a sua embriaguez

foi por causa da mulher

que deixou-lhe duma vez

Essa história só termina

num tormento sem mister

quando o cara que padece

pelo amor duma mulher

por entrar em desespero

se transforma em esmoler

Isso tudo é o que faz

os caprichos da paixão

Seja leigo o sujeito

ou de muita instrução

ela consegue apagar

a lanterna da razão

Carlos Alê
Enviado por Carlos Alê em 28/11/2012
Reeditado em 19/11/2019
Código do texto: T4009695
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