AO CERRADO.
Deitado em minha cama ouvi,
Com letras e som de terror,
Um grito gutural e rasgado,
Gritando aos homens de amor.
O grito misturado nos ares ,
A todos ouvidos atingia ,
Os anjos em grupos aclamavam,
Ao som de uma ave maria ,
O grito de socorro , estridente,
Do cerrado brasileiro surgia,
Um grito de lutas e vitórias ,
De desejo de respeito geral,
Contra a maldade do homem boçal.
Gramíneas e arbustos retorcidos,
Ceifados pela foice afiada e fria,
Espaços elásticos sediam,
Verdejantes pastagens formavam ,
O gado nos pastos mugiam
Do rumem o capim remoído,
O metano ao ar difundia ,
Nos fornos de barro batido,
A fumaça na chaminé esvai ,
Os sonhos cozidos nos fornos,
Uma dor em meu peito cozia,
O carvão que eu via no monte,
Um ardor em meus olhos batia,
Por saber que a biodiversidade,
Com o manto cerrado sumia.
Os Deuses do verde bradando,
Sobre os boçais homens investiam,
Aniquilando-os com poder supremo,
As extensas pastagens cobriam,
Com o cerrado nativo e pardo,
O quadro pintado por Deus resurgia.